segunda-feira, 25 de outubro de 2010

O fim...

(Carlos Drummond de Andrade na Praia de Copacabana, Rio de Janeiro, setembro de 2010)

Enquanto trabalho na versão final da minha tese, reflito na proximidade do fim do meu doutorado... Os membros da banca examinadora já foram escolhidos, o desafio era ajustar as datas de quatro professores ocupados! Depois de algumas idas e vindas de mensagens eletrônicas, a data e o horário são definidos. Então, eu começo a  lembrar do quanto sonhei com essa data nas diversas fases da minha vida profissional - da bolsa de iniciação científica, quando decidi que me tornar uma "cientista social" até os recentes dias negros do doutorado, relatados com detalhes nesse blog. E agora que o fim se aproxima, eu me sinto estranha. Fica evidente que o mais importante do doutorado não é o título concedido ao final de quatro anos de pesquisa, mas o caminho que percorremos nessa busca.

Lembranças povoam a minha mente: os lugares que conheci, as lições aprendidas, os desafios que superei, a dor da solidão, a alegria do reencontro, as pessoas que me acompanharam durante todo o caminho ou em parte dele, saudades. Pensando nisso, mudo a perspectiva do fim...

Olhar para trás me remetem a um punhado de bons e maus momentos, que agora são parte da minha história, parte do que me tornei. Olhar o presente me faz refletir sobre as minhas escolhas. Olhar para frente me leva a pensar nas possibilidades que se abrem diante de mim.... pés trêmulos ou passos firmes? lágrimas ou sorriso no rosto? nostalgia ou esperança? A vida segue me dando escolhas! O fim pode ser um sofrimento ou apenas o primeiro passo de uma nova jornada... só depende de mim!

Não, meu coração não é maior que o mundo.
É muito menor.
Nele não cabem nem as minhas dores.
Por isso gosto tanto de me contar.
Por isso me dispo,
por isso me grito,
por isso freqüento os jornais, me exponho cruamente nas livrarias:
preciso de todos.
(Mundo Grande, Carlos Drummond de Andrade)

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Dúvidas...

(Parque del Retiro, Madri)

Dúvidas... Como faço para me livrar delas? Elas me perseguem, quando encontro uma resposta, outras tantas questões aparecem! Circundam minha mente, abatem meu coração. Alguns dias, quase me sufocam.

Tantas possibilidades, tantas dúvidas. Algumas delas profundas, quase geram em mim uma crise existencial. Me fazem refletir sobre os meus objetivos de vida e prioridades. Como numa gangorra, me pergunto: norte ou sul? novembro ou dezembro? público ou privado? direita ou esquerda?

Eu que sempre me considerei tão decidida... me sinto atordoada. O que também não me surpreende completamente, pois as dúvidas são marcantes no universo feminino. As dúvidas nos acompanham na compra de um novo vestido, de um par de sapatos, de um presente para um amiga, na troca de emprego, etc, etc, etc. Elas também surgem nas relações amorosas e costumam assombrar o coração de uma mulher: será que ele me ama? será que pensa em mim? será que sente saudades? será...

Hoje me sinto cheia de dúvidas e não há nada a fazer. Tento aquietar meu coração e descansar meu corpo cansado. Só por hoje quero esquecê-las todas e dormir em paz...


No me malinterpreten,
No estoy quejándome.
Soy jardinero de mis dilemas.
...
Pero esta noche, hermana duda,
Hermana duda, dame un respiro.
(Hermana duda / Jorge Drexler)