(Carlos Drummond de Andrade na Praia de Copacabana, Rio de Janeiro, setembro de 2010)
Enquanto trabalho na versão final da minha tese, reflito na proximidade do fim do meu doutorado... Os membros da banca examinadora já foram escolhidos, o desafio era ajustar as datas de quatro professores ocupados! Depois de algumas idas e vindas de mensagens eletrônicas, a data e o horário são definidos. Então, eu começo a lembrar do quanto sonhei com essa data nas diversas fases da minha vida profissional - da bolsa de iniciação científica, quando decidi que me tornar uma "cientista social" até os recentes dias negros do doutorado, relatados com detalhes nesse blog. E agora que o fim se aproxima, eu me sinto estranha. Fica evidente que o mais importante do doutorado não é o título concedido ao final de quatro anos de pesquisa, mas o caminho que percorremos nessa busca.
Lembranças povoam a minha mente: os lugares que conheci, as lições aprendidas, os desafios que superei, a dor da solidão, a alegria do reencontro, as pessoas que me acompanharam durante todo o caminho ou em parte dele, saudades. Pensando nisso, mudo a perspectiva do fim...
Olhar para trás me remetem a um punhado de bons e maus momentos, que agora são parte da minha história, parte do que me tornei. Olhar o presente me faz refletir sobre as minhas escolhas. Olhar para frente me leva a pensar nas possibilidades que se abrem diante de mim.... pés trêmulos ou passos firmes? lágrimas ou sorriso no rosto? nostalgia ou esperança? A vida segue me dando escolhas! O fim pode ser um sofrimento ou apenas o primeiro passo de uma nova jornada... só depende de mim!
Não, meu coração não é maior que o mundo.
É muito menor.
Nele não cabem nem as minhas dores.
Por isso gosto tanto de me contar.
Por isso me dispo,
por isso me grito,
por isso freqüento os jornais, me exponho cruamente nas livrarias:
preciso de todos.
(Mundo Grande, Carlos Drummond de Andrade)