segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Homem para casar...

(Usina do Gasômetro, dezembro de 2011)

No século passado era comum os homens utilizarem a expressão "mulher para casar". Essa mulher teria que reunir um conjunto de características apreciadas pelos homens daquela época. As habilidades domésticas eram fundamentais e serviam como indicativos do seu potencial como esposa e mãe dedicada. A família da moça também era considerada na avaliação, sobretudo quando se tratava de uma família tradicional e com posses.

O tempo passou, a perspectiva do casamento na sociedade mudou, mas essa avaliação ainda acontece entre homens e mulheres. Não espalhem por aí, mas as mulheres também avaliam e rotulam seus pretendentes, ficantes, amigos coloridos e assemelhados... Essa avaliação preliminar tenta identificar os que devem ser "levados a sério" e os aparentemente querem uma "relação casual e descompromissada".

Dias atrás, durante um almoço solitário, me distraí ouvindo a discussão da mesa ao lado sobre os três pretendentes de uma das moças. João era, sem dúvida, o mais bonito, divertido e conhecedor do universo feminino,  mas dava todas as evidências de um "cafa do tipo assumido". Já havia ficado com outras amigas da moça, tinha uma agenda complicada nos finais de semana e após a avaliação do perfil  do rapaz no facebook, não lhe restou  dúvidas: João não era para namorar. Ele seria, no máximo, uma opção para encontros eventuais. Carlos, por sua vez, era muito simpático e dedicado ao trabalho, mas totalmente desprovido de atributos físicos. Logo, a este segundo restou o papel de "amiguinho - sem risco, nem perigo". Por fim, Pedro foi o eleito como "homem para casar". Pela descrição, ele não parecia ser muito bonito, entretanto a moça o considerava inteligente, bem humorado e uma boa companhia. Com o aval das amigas, decidiu investir em Pedro e usar com ele todas as suas armas de sedução para um futuro comprometimento.

Depois de uma longa reflexão sobre o tema, eu tenho minhas dúvidas em relação à eficiência dessa prática feminina. O contexto e as pessoas mudam, sobretudo quando estão apaixonadas. O amor é sempre surpresa em sua chegada e partida. Sou solteira, mas acho que "homem para casar" é aquele com o qual temos a sintonia de amar e sermos amadas com respeito e intensidade. Não tem fórmulas, nem regras. "Homem para casar" é aquele que nos faz feliz!

domingo, 15 de janeiro de 2012

Balzaquiana...

(Porto Alegre, janeiro de 2012)

Sou uma mulher de 30 anos. Basta me olhar no espelho e percebo as mutações do tempo. Sem dúvida, graças aos avanços tecnológicos, a minha voz continua a mesma, mas os meus cabelos... (risos) Por sinal, até gosto quando os colegas do colégio não me reconhecem. Talvez não tenha mudado tanto assim, mas me sinto muito mais feliz e confortável comigo mesma.

De fato, foram muitos acontecimentos importantes e pequenos fatos que mudaram radicalmente a minha trajetória. Mudei de endereço algumas vezes. Viajei. Tomei importantes decisões profissionais. Superei obstáculos, mas ainda tenho dúvidas. Me aventurei no desconhecido e testei meus limites em diversas situações. Eu amei intensamente e ainda amo. Enfrentei o medo da solidão e, mais do que nunca, aprendi a apreciar o prazer da minha própria companhia. Não encontrei tudo o que procurava, mas não desisto de procurar.

É também muito divertido ter trinta anos. A gente descobre muitas coisas, que nos ajudam a tornar a vida mais leve. O cabelo cresce. O corretivo resolve a espinha inesperada. Nada melhor que um sorriso no rosto para ressaltar a maquiagem.Quando um problema não tem solução, basta ser flexível. "Não" também é uma resposta, que deve ser dada quando necessário e ser aceita com dignidade. Um doutorado em Administração tem pouco valor numa pista de dança de salão. As amizades e os relacionamentos amorosos passam por altos e baixos. Um fim do namoro não é o fim do mundo. A intensidade pode ser mais importante do que a duração. Não adianta forçar a porta, a chave pode estar errada. O desconhecido pode ser inseguro, mas também prazeroso. Errar é realmente parte da natureza humana. O mais importante não é evitar a queda, mas aprender a cair... Relaxar o corpo e não lutar contra as leis da física.

Finalmente, aos trinta anos me sinto feliz na condição de "eterna aprendiz"!

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Potencial...

(Vale dos Vinhedos, dezembro de 2011)

O solo íngreme e cravado de cristais, assustaria um visitante menos experiente. O que seria possível produzir naquele terreno? Entretanto, seus olhos viam além daquelas velhas parreiras de pouco valor. Eu conhecia bem aquele olhar sereno e confiante. Foi este mesmo olhar que acompanhou minha trajetória nos últimos anos, por vezes distante, por vezes mais de perto. Ele tem o dom de ver o potencial. Mais do que isso, ele acredita no potencial da terra, das pessoas e dos seus sonhos.

Foi assim que decidiu construir seu novo caminho de desafios. Não lhe preocupavam as dificuldades e as limitações daquele solo pobre, mas o potencial de produção de um grande vinho. Lhe interessava realizar o que muitos julgavam impossível nas mesmas condições. Por isso, considero essa a lição mais valiosa que me foi transmitida e que me esforçarei para praticá-la em 2012.

Diante das metas impossíveis, prefiro acreditar no meu potencial de realização. Eu prefiro lutar pelo improvável, do que me conformar com os limites e as expectativas que outros tentam me impor. Como sempre, o ano se inicia com uma lista de objetivos e metas que parecem bem maiores do que os meus pequenos passos. Então, eu fecho os olhos para me permitir ver todo o potencial a ser realizado. Pacientemente, eu aprecio um belo pôr-do-sol... Que venha 2012!!!