quarta-feira, 6 de maio de 2015

Ciclos...


(Porto Alegre, abril de 2015)

Aqueles olhos mareados de lágrimas apertaram meu coração.
Um ciclo estava se encerrando e seria impossível não se emocionar com a proximidade do fim.
Ela sempre soube que estava de passagem.
Chegou ao Brasil com o coração aberto para aprender, mas não sabia o quanto iria ensinar também…
Trazia consigo uma alegria ao chegar, um olhar doce e uma leveza de espírito.
Ela poderia ter escolhido outra universidade, outra área, outro tema e teria sido orientada por qualquer outro professor.
De alguma forma, o universo conspirou e nossos caminhos se alinharam.
Coube a mim a tarefa de orienta-la na navegação pelos mares do mestrado acadêmico.
Então, navegamos juntas…
Uma aluna, uma orientanda, uma companheira de viagem e uma grande amiga.
Assim como ela, outros passaram (e ainda passarão) marcando os muitos ciclos da minha vida docente.
Nesse ciclo, eu vi o menino de Bagé se tornar mais forte e decidido.
Mostrei as pedras e tive que deixa-lo fazer suas escolhas.
Era meu dever ensinar que na vida acadêmica não procuramos o caminho mais fácil.
O fascínio de um bom pesquisador é encontrar respostas para as tantas dúvidas de uma mente inquieta.
O fim desse ciclo me lembra a triste beleza de ser professora.
A beleza que compartilhar com alguém meu limitado conhecimento...
A tristeza do vê-los partir ao final de cada ciclo…
Sinto uma grande satisfação e um orgulho quase materno por esse momento.
Disfarço meu olhar também mareado e penso comigo...
O fim de um ciclo indica a hora de recomeçar!