quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Descompasso...

Pórtico da Redenção (Porto Alegre, Brasil)

Alguns dias atrás encontrei meus colegas de mestrado. Três destinos muito diferentes e, atentamente, escutei a trajetória daqueles simpáticos balzaquinos, meus companheiros de formação durante dois anos.

O primeiro havia se tornando consultor e professor nas horas vagas. Os aparatos tecnológicos que carregava indicavam uma vida conectada ao mundo dos negócios. Ele já era noivo na época do mestrado, tão logo obteve alguma estabilidade financeira, rendeu-se ao matrimônio e parecia feliz. O segundo optou por uma experiência internacional. Aventurou-se no Canadá por um ano e meio. Trabalhou como engenheiro por lá, mas a namorada ficou por aqui. Havia arquitetado um plano para continuar a relação à distância. As coisas não saíram como o planejado. Depois de 18 meses, viu-se diante de um dilema e decidiu voltar para o Brasil. Optou pela relação. Talvez algum dia se arrependa de ter voltado para o Brasil. Talvez não. O tempo dirá. O terceiro colega havia se tornado servidor público federal. Apesar de um contra-cheque satisfatório no final do mês, dizia-se insatisfeito com as atividades desenvolvidas. Estava pensando em encontrar algo que lhe desse mais prazer, contudo, que oferecesse também estabilidade e um bom salário. Um pouco complicado nos dias de hoje, mas não era isso que estava lhe tirando o sono.

Fora as questões profissionais, o grande dilema do meu terceiro colega era o apartamento que a namorada queria comprar com ele, já que com a renda dos dois conseguiram um "financiamento melhor". Na verdade, depois de seis anos de namoro, a moça queria casar. Ele sempre foi muito sincero com ela: "casamento não está nos meus planos!" No começo, tudo são flores e ela tinha certeza que ele mudaria de ideia. Entretanto, o tempo passou e meu colega seguia defendendo com "unhas e dentes" a sua liberdade. Sentia-se sufocado na relação, e apesar do crescente afastamento entre os dois, também não tinha coragem para terminar. Levaria até o limite... até a moça tomar a iniciativa!

Nesse caso, era nítido o descompasso entre os dois. Meu colega gostava na namorada, sentia-se satisfeito com uma relação de namoro. Estava comprometido com ela, mas não queria morar junto, noivar, casar. Essas "coisas de mulher" que demanda tempo. Prender-se definitivamente, nem pensar!! Tudo o que ele queria era congelar a relação naquele estágio, enquanto ela sonhava com véu e grinalda, uma casa e um cachorro. Olhando de fora, era visível o sofrimento dos dois na relação. Meu conselho racional foi: ou você se casa ou você termina. Mas era complicado. Os dois caminhos seriam muito dolorosos para ele. Ninguém estava certo ou errado.... Em algum momento eles mudaram suas perspectivas da relação... Era apenas o descompasso de duas vidas!

Voltei para casa e no rádio tocava uma velha canção do nenhum de nós! Então eu cantei: "não vou mais lhe segurar, vou deixar que você se vá..."

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