É impossível pensar sobre comprometimento sem levar em conta a fragilidade das relações humanas na sociedade pós-moderna. Segundo Bauman, vivemos num mundo líquido, em que as relações se estabelecem com extraordinária fluidez. Elas se movem e escorrem sem muitos obstáculos. Buscamos entender “a misteriosa fragilidade dos vínculos humanos, o sentimento de insegurança que ela inspira e os desejos conflitantes (estimulados por tal sentimento) de apertar os laços e ao mesmo tempo mantê-los frouxos" (BAUMAN, 2004, p. 8).
Queremos amar e nos sentir amados, mantendo nosso espaço, individualidade e liberdade. Queremos compartilhar parte da nossa existência, mas também queremos relações leves, na qual cada um respeite as escolhas do outro. Nos dividimos entre a busca de um amor tranquilo (com sabor de fruta mordida) e a insegurança dos constantes movimentos imprevisíveis das relações humanas. Queremos a sintonia perfeita vivendo num contexto cada vez mais complexo.
É preciso aceitar que não há garantias no amor. O chão pode se mover a qualquer instante. O amor chega e se despede sem aviso prévio. O que aconteceu com o amor declarado em verso e prosa? Escorreu entre os dedos pelos mais diversos motivos. Por isso, eu descobri que não se deve "investir" em uma relação. O amor não é um certificado de investimento bancário. O melhor é abrir a alma generosamente, sem esperar nada em troca.
Também cheguei a conclusão que o comprometimento não se define pelo status nas redes sociais, pelo título utilizado nas apresentações formais ou por um pedido oficial para uma "relação mais séria". O comprometimento se percebe pelo interesse, pelo companheirismo, pela compreensão e pelo respeito. Comprometimento não são palavras e promessas, são atitudes. Mas assim como o amor, não se pode exigir ou esperar o comprometimento de ninguém. Seria como bater insistentemente na porta de uma casa vazia. O amor e o comprometimento são dádivas das relações humanas e só terão valor se forem espontâneos.
Eu grito por liberdade, você deixa a porta se fechar.
Eu quero saber a verdade e você se preocupa em não se machucar.
Eu quero saber a verdade e você se preocupa em não se machucar.
Eu corro todos os riscos, você diz que não tem mais vontade.
Eu me ofereço inteiro e você se satisfaz com metade
Sempre a meta de uma seta no alvo, mas o alvo na certa não te espera.
Então me diz qual é a graça de já saber o fim da estrada.
Quando se parte rumo ao nada.
(Paulinho Moska - A seta e o alvo)