quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Lições...

(Aquário de Londres, fevereiro de 2015)

Finalmente pintei minhas unhas de vermelho. Depois de um mês com esmaltes transparentes, eu me senti preparada para um vermelho! Os últimos dias não foram fáceis para mim. Eu decidi encarar os meus fantasmas com amores perdidos e desencontrados. Foi preciso coragem para assumir meus erros e me perdoar pelas decisões impulsivas. Tive a sorte de conviver com pessoas maravilhosas, mas sem o encaixe necessário para uma parceria de vida. Então, decidi enterrar o passado no velho mundo e permitir que a vida siga.

Uma vez, deixei um pedaço do coração no norte da Inglaterra e levei anos para entender que havia criado uma ilusão sobre alguém que nunca existiu. Alguém que nunca me amou como eu merecia ser amada. É sempre doloroso encarar a indiferença e a falta de empatia de quem amamos. Por outro lado, o sentimento de liberdade traz uma paz indescritível. A paz que vem da falta de expectativas e do perdão. Primeira lição…

Depois vivi alguns desencontros. Pessoas certas no momento errado. Por vezes, não valorizei o precioso amor que desejavam me entregar. Machuquei pessoas especiais. Normalmente não escolhemos com critérios racionais por quem vamos nos apaixonar. Por sinal, eu tentei usar critérios quase científicos para "seleção" de um amor. Também não deu certo. Depois de um tempo e passada a mágoa, o que mais faltou no meu breve casamento foi paixão (de ambos os lados). Segunda lição…

Por fim, não se pode compartilhar a vida com alguém na expectativa de mudanças que, possivelmente, nunca acontecerão. As pessoas merecem ser amadas pelo que são. Se tentarmos mudá-las, não é amor e sim, manipulação. Mais uma lição…

No final desse mês na Europa, me sinto agradecida pelas lições aprendidas. Grata pelas pessoas que fizeram parte da minha vida e da minha história. É hora de seguir em frente. Por isso, chega de base transparente. Barcelona me aguarda com minhas unhas vermelhas.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Segmentação

(Londres, janeiro de 2015)

Segmentação de mercado é  um dos conceitos centrais do Marketing. Segmentar o mercado significa dividir em grupos com características semelhantes com base em alguns critérios. Esse é um dos primeiros passos no desenvolvimento da estratégia do negócio. Os administradores devem ter claro qual é o mercado-alvo da empresa e quais características esses potenciais clientes deve ter.

Apesar de tão familiarizada com o conceito, a aplicação nas relações afetivas me causou um certo estranhamento. O conselho foi simples e direto: “você precisa aprender a segmentar suas relações!” O objetivo do atencioso amigo era me proteger. Assim, eu poderia definir as características de quem eu deveria investir tempo e expectativa. Entretanto, será que isso é possível? Será que eu conseguiria ser tão racional nas minhas relações?

Infelizmente (ou felizmente), eu não consigo aplicar o conceito de segmentação de mercado nas minhas relações pessoais. Confesso que já me dediquei à análise das relações humanas desenvolvendo categorias pelas cores das unhas das mulheres e pelo comportamento masculino. Atualmente, eu prefiro viver e me deixar surpreender.


Tenho amigos entre colegas de trabalho, vizinhos e alunos. Amigos de todas as classes sociais, hábitos, credos e raças. Essas categorias se misturam. No final, são apenas grandes amigos. Nas relações amorosas é muito mais complicado.  Por vezes, forma-se um verdadeiro nó entre passado, presente e futuro.  O ex-namorado pode se tornar um grande amigo. O amigo pode se tornar uma paixão inesperada. Um encontro casual e despretensioso pode ser o início de um grande amor. Eu gosto dessa surpreendente mistura, afinal amigos e amores são descobertos em qualquer lugar e quando menos se espera.