domingo, 30 de maio de 2010

Encaixe...

Señor Tango, Buenos Aires (janeiro/2008)

Ela estava linda naquela noite. Um vestido preto básico e um sorriso radiante. Era o seu aniversário e também a festa de noivado. Alguns meses atrás havíamos nos encontrado por acaso e ela me confidenciou suas preocupações em relação ao seu futuro amoroso. O tempo estava passando e ela começava a se questionar se encontraria alguém para fazê-la feliz, formar uma família, construir uma vida. Passada essa fase de crise existencial, ela encontrou um novo amor. Pouco tempo depois, estava noiva... Minha amiga é assim, não tem meio-termo. Quando o namorado sugeriu que morassem juntos e ficassem noivos, ela foi direto ao ponto com o rapaz:
- Bom, mas se for para ficarmos noivos, vamos casar logo! Não quero um noivado de séculos.
- Então, casamos!

Você pode achar precipitado ou impulsivo. Pode sentir pena do noivo pressionado. Entretanto, o que realmente importa é que “eles se encaixam”. Afinal, todo casal precisa de encaixe. Qualidades e defeitos todo mundo tem. A grande questão é o encaixe das qualidades e defeitos de duas pessoas.

Ela é impulsiva e ele precisa de um empurrãozinho. Ela é independente e ele admira a sua autonomia. Ela é espontânea e ele adora sua risada escandalosa. Ela vive planejando os detalhes e ele gosta de organização. Ela adora viajar e ele aprecia descobertas. Acrescente uma pitada de reciprocidade, respeito e paixão... Na minha opinião: isso é encaixe.

Não sei se minha amiga viverá feliz para sempre. Mesmo com meu nome de princesa, já faz algum tempo que descobri que a “Bela Adormecida” é um conto de fadas. Sua função é acalentar os sonhos de um futuro feliz no imaginário infantil (que, por vezes, nos acompanha vida a fora). Então, não me preocupo com o fim da história, vou guardar na memória o sorriso radiante de felicidade da minha amiga naquela noite e torcer para que esse encaixe seja “eterno, enquanto dure”. Quiçá pela uma vida inteira, com filhos e netos. Mas que seja eterno...

<< Não precisa mudar, vou me adaptar ao seu jeito / Seus costumes, seus defeitos / seus ciúmes, suas caras,/ Pra quê mudá-las? (...) Assim eu sei que no final fica tudo bem, a gente se ajeita numa cama pequena, / Te faço um poema, te cubro de amor... >> (Ivete Sangalo e Saulo Fernandes)
http://www.youtube.com/watch?v=AtiUjdAy84I

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