Aquele e-mail tão curto e direto não era bem o que eu esperava, mas o arquivo anexado foi toda a resposta que recebi. Depois de uns minutos de desapontamento, comecei a refletir sobre o sentido dado às situações que vivenciamos. Naquele momento, a ausência de um texto de resposta indicava para mim indiferença da outra parte. A falta de umas poucas palavras de afeto no corpo da mensagem também poderia representar que o anexo era suficiente para atender a minha demanda, ou ainda, que a saudade já estava expressa no esforço para produzir o documento anexado.
Então pensei em outras possibilidades de interpretação para o e-mail. Talvez o dia tivesse sido corrido e cheio de compromissos. Talvez lhe faltou tempo e criatividade. Talvez pensasse que uma meia dúzia de palavras de carinho já não fosse tão importante pra mim. Podia ser óbvio, mas o óbvio também precisa ser dito. Talvez não significasse nada, simplesmente estava cansado demais para elaborar qualquer tipo de mensagem. É impossível encontrar uma interpretação “correta” que não existe e desisti de pensar no assunto. Afinal, minha interpretação será sempre muito limitada por inúmeros elementos: minha visão de mundo, minhas experiências, minhas expectativas, minha cultura, meu ciclo hormonal, etc, etc, etc. Por vezes, não consigo compreender nem mesmo as minhas próprias atitudes e reações, logo, quem sou eu para tentar interpretar as atitudes e reações alheias.
Confesso que alguns dias queria não ser tão questionadora. Não queria me pegar refletindo sobre o sentido da vida em plena quarta-feira. A madrugada se aproxima e me rendo ao cansaço físico e mental depois de um longo dia de trabalho. Cansei de pensar sobre o tal e-mail. Cansei de pensar sobre as possíveis interpretações para o fato. Cansei de me questionar e simplifiquei: foi apenas um e-mail com um documento em anexo. Simples! Respirei fundo, fechei os olhos e pensei: amanhã será um novo dia.
Um blog despretensioso sobre as histórias e as reflexões de uma professora de Administração, que estudou as estratégias do delicioso mundo do vinho no Brasil e na França. Aqui você vai encontrar minhas reflexeções sobre minha vida de professora, pesquisa, viagens, vinhos, enfim... Mas ATENÇÃO! Não me leve tão a sério... Qualquer semelhança com a realidade, é mera coincidência.
domingo, 29 de maio de 2011
sexta-feira, 20 de maio de 2011
Dando um tempo...
Nos últimos meses passei por muitas mudanças e fortes emoções – conclusão do doutorado, reencontros e despedidas, processos seletivos, início de uma nova fase profissional e mudança de casa. Talvez por vivenciar tantas coisas num curto período de tempo, tive que aprender a “dar um tempo”.
Descobri que “dar um tempo” é fundamental. Precisei de um tempo para virar a chave de doutoranda para doutora. Precisei de um tempo para me habituar à ausência de pessoas que me são caras, embora alguns finais de tarde ainda sejam melancólicos. Precisei de um tempo para conhecer os nomes, as rotinas e as regras, e ainda preciso de um tempo para tornar também protagonista desse novo contexto organizacional.
Cabe lembrar que nos relacionamentos afetivos “dar um tempo” normalmente é interpretado como um término menos traumático ou uns dias de “férias da relação”. Contudo, eu acredito que, às vezes, “dar um tempo” é importante, sobretudo no começo (ou recomeço) das relações. Esse tempo ajuda a construir um compromisso espontâneo, sem o peso de uma relação oficial. O tempo também contribui para a intimidade e a compreensão das preferências mútuas. Após esse período, a relação se concretiza ou não. Nesse último caso, ficarão as boas recordações de sua leveza inicial.
Enfim... seja na vida profissional, emocional ou familiar, eu descobri que em períodos de muitas mudanças, em meio a um turbilhão de atividades e novidades, é fundamental “dar um tempo” para manter o equilíbrio físico e mental. No final, tudo acaba bem com uma taça de um Bordeaux e a companhia de bons amigos.
Descobri que “dar um tempo” é fundamental. Precisei de um tempo para virar a chave de doutoranda para doutora. Precisei de um tempo para me habituar à ausência de pessoas que me são caras, embora alguns finais de tarde ainda sejam melancólicos. Precisei de um tempo para conhecer os nomes, as rotinas e as regras, e ainda preciso de um tempo para tornar também protagonista desse novo contexto organizacional.
Cabe lembrar que nos relacionamentos afetivos “dar um tempo” normalmente é interpretado como um término menos traumático ou uns dias de “férias da relação”. Contudo, eu acredito que, às vezes, “dar um tempo” é importante, sobretudo no começo (ou recomeço) das relações. Esse tempo ajuda a construir um compromisso espontâneo, sem o peso de uma relação oficial. O tempo também contribui para a intimidade e a compreensão das preferências mútuas. Após esse período, a relação se concretiza ou não. Nesse último caso, ficarão as boas recordações de sua leveza inicial.
Enfim... seja na vida profissional, emocional ou familiar, eu descobri que em períodos de muitas mudanças, em meio a um turbilhão de atividades e novidades, é fundamental “dar um tempo” para manter o equilíbrio físico e mental. No final, tudo acaba bem com uma taça de um Bordeaux e a companhia de bons amigos.
sexta-feira, 6 de maio de 2011
Necessidades...
(Vale do Loire, França)
Maslow dizia que as necessidades humanas eram atendidas obedecendo uma ordem hierárquica. De maneira geral, o ser humano busca primeiro atender as necessidades fisiológicas (fome, sede, etc.), depois as necessidades de segurança (estabilidade). Também existem as necessidades sociais e de amor (amar e ser amado) e as necessidades de auto-estima. Por último estariam as necessidades de auto-realização (encontrar um sentido nas atividades que desenvolve). Ao final da aula, uma jovem aluna levantou uma questão acerca da hierarquia das necessidades e as diferenças de gênero.
- Por que os homens valorizam mais o reconhecimento social e as mulheres se preocupam tanto com segurança?
Embora essas diferenças fossem identificadas apenas pelo conhecimento empírico da aluna, o debate contagiou a turma. No final da discussão, os alunos pareciam concordar que as mulheres, de fato, buscavam muito mais a segurança e estabilidade do que os homens. Aliando ao degrau superior da "suposta pirâmide", as mulheres desejam segurança, sobretudo nas suas relações afetivas, enquanto os homens, ávidos por 'status' social, investiam todas as fichas em elementos indicativos de poder para conquistar o amor.
Mas atenção... a conclusão da minha turma, assim como a pirâmide de Maslow, tem lá suas muitas exceções. As pessoas são, por essência, muito diferentes. No meu caso, sempre busquei independência financeira e emocional. Talvez eu seja uma exceção feminina. Talvez eu seja a regra no mundo pós-moderno. Na minha concepção, as relações são deliciosas parcerias que nos ajudam a alçar vôos mais longos. Como já mencionei anteriormente, não há garantias no amor. Um bom amor precisa de um "quê" de incerteza, entretanto deve ser generoso e respeitar a individualidade do outro. Não preciso de uma Ferrari, prefiro um balão para dar a volta ao mundo em 80 dias. Confesso que tenho minhas necessidades, mas essas são segredos bem guardados e nem mesmo Maslow conseguiu desvendá-las.
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