Aquele e-mail tão curto e direto não era bem o que eu esperava, mas o arquivo anexado foi toda a resposta que recebi. Depois de uns minutos de desapontamento, comecei a refletir sobre o sentido dado às situações que vivenciamos. Naquele momento, a ausência de um texto de resposta indicava para mim indiferença da outra parte. A falta de umas poucas palavras de afeto no corpo da mensagem também poderia representar que o anexo era suficiente para atender a minha demanda, ou ainda, que a saudade já estava expressa no esforço para produzir o documento anexado.
Então pensei em outras possibilidades de interpretação para o e-mail. Talvez o dia tivesse sido corrido e cheio de compromissos. Talvez lhe faltou tempo e criatividade. Talvez pensasse que uma meia dúzia de palavras de carinho já não fosse tão importante pra mim. Podia ser óbvio, mas o óbvio também precisa ser dito. Talvez não significasse nada, simplesmente estava cansado demais para elaborar qualquer tipo de mensagem. É impossível encontrar uma interpretação “correta” que não existe e desisti de pensar no assunto. Afinal, minha interpretação será sempre muito limitada por inúmeros elementos: minha visão de mundo, minhas experiências, minhas expectativas, minha cultura, meu ciclo hormonal, etc, etc, etc. Por vezes, não consigo compreender nem mesmo as minhas próprias atitudes e reações, logo, quem sou eu para tentar interpretar as atitudes e reações alheias.
Confesso que alguns dias queria não ser tão questionadora. Não queria me pegar refletindo sobre o sentido da vida em plena quarta-feira. A madrugada se aproxima e me rendo ao cansaço físico e mental depois de um longo dia de trabalho. Cansei de pensar sobre o tal e-mail. Cansei de pensar sobre as possíveis interpretações para o fato. Cansei de me questionar e simplifiquei: foi apenas um e-mail com um documento em anexo. Simples! Respirei fundo, fechei os olhos e pensei: amanhã será um novo dia.
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