quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Tudo se transforma


 Praia de Ipanema, Porto Alegre

Eu queria entender os segredos da complexidade da vida, mas como sei que não é possível, eu me contento em tentar me entender melhor. A vida é muito complexa ou é tão simples que não conseguimos entendê-la? Há tempos tenho fugido de reflexões filosóficas como essa. Passei semanas e meses sem escrever no blog para não me deparar com alguns sentimentos.

Minha esperança era de que, deixando de pensar, meus medos e fantasmas me deixariam em paz. Assim, eu quase caí na tentação de colocar todos os sentimentos mal resolvidos para debaixo do tapete. Bastaria o tempo para que tudo se acertasse. Então, descobri que o tempo não bastava. As frustrações foram crescendo e já não havia mais espaço debaixo do tapete. As pequenas mentiras ganharam grandes proporções. As noites de insatisfação se tornaram tão longas, que eu já não conseguia dormir. Em meio ao desencanto, minhas lágrimas secaram.

Foi assim que eu despertei. Criei coragem e comecei a varrer para fora tantas coisas acumuladas. Olhei para dentro como uma criança aprendendo a dormir em seu quarto escuro. Sentindo monstros à espreita, me mantive firme. Sei que me esconder não vai adiantar, mas respeito o tempo que necessito para organizar meus sentimentos confusos.

Com delicadeza, cuido dos fechos de esperanças de que nada se perde! Tudo se transforma… 

Tu boca roja en la mía,
La copa que gira en mi mano,
Y mientras el vino caía
Supe que de algún lejano
Rincón de otra galaxia,
El amor que me darías,
Transformado, volvería
Un día a darte las gracias.
Nada es más simples,
No hay otra norma:
Nada se pierde,
Todo se transforma.

(Jorge Drexler)

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