sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Tango...



(El Caminito - Buenos Aires, novembro de 2014)

O tango é considerado um patrimônio cultural da humanidade e uma das danças mais sensuais do mundo. Admirando um belo espetáculo de tango argentino, comecei a pensar no que o torna tão fascinante. Então, escutei uma frase: “o tango traduz o sentimento de intensos encontros e amores desencontrados”.

As letras de tango costumam trazer o pesar de um amor mal resolvido, das dores da distância, da perda do ser amado. Também traduzem sentimentos como medo, solidão, indecisão, saudades. Todos estes frequentemente compartilhados por amantes desencontrados.

Dançar tango é uma das mais belas manifestações de um encontro de amor. A cumplicidade entre os dançarinos, o olhar fixo carregado de desejo, as pernas harmonicamente entrelaçadas. O tango demanda dedicação e inteireza dos amantes. Uma distração por ser fatal. Perde-se então preciosa sintonia do casal.

Por fim, é impossível dançar tango desacompanhado. Trata-se de uma dança pensada  para dois. Um jogo delicado de sedução e entrega. Como tal, existe empenho e ensaio (muitos ensaios)! É uma das muitas coisas na vida que somente a prática levam a perfeição.

Eu decidi que quero viver a vida como um ensaio de tango - com paixão e entrega. Sem o peso da perfeição, pois estou ensaiando. Errar e acertar faz parte do processo. O importante é não perder a vontade de continuar tentando encontrar a sintonia perfeita.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Tudo se transforma


 Praia de Ipanema, Porto Alegre

Eu queria entender os segredos da complexidade da vida, mas como sei que não é possível, eu me contento em tentar me entender melhor. A vida é muito complexa ou é tão simples que não conseguimos entendê-la? Há tempos tenho fugido de reflexões filosóficas como essa. Passei semanas e meses sem escrever no blog para não me deparar com alguns sentimentos.

Minha esperança era de que, deixando de pensar, meus medos e fantasmas me deixariam em paz. Assim, eu quase caí na tentação de colocar todos os sentimentos mal resolvidos para debaixo do tapete. Bastaria o tempo para que tudo se acertasse. Então, descobri que o tempo não bastava. As frustrações foram crescendo e já não havia mais espaço debaixo do tapete. As pequenas mentiras ganharam grandes proporções. As noites de insatisfação se tornaram tão longas, que eu já não conseguia dormir. Em meio ao desencanto, minhas lágrimas secaram.

Foi assim que eu despertei. Criei coragem e comecei a varrer para fora tantas coisas acumuladas. Olhei para dentro como uma criança aprendendo a dormir em seu quarto escuro. Sentindo monstros à espreita, me mantive firme. Sei que me esconder não vai adiantar, mas respeito o tempo que necessito para organizar meus sentimentos confusos.

Com delicadeza, cuido dos fechos de esperanças de que nada se perde! Tudo se transforma… 

Tu boca roja en la mía,
La copa que gira en mi mano,
Y mientras el vino caía
Supe que de algún lejano
Rincón de otra galaxia,
El amor que me darías,
Transformado, volvería
Un día a darte las gracias.
Nada es más simples,
No hay otra norma:
Nada se pierde,
Todo se transforma.

(Jorge Drexler)

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Humildade diante da vida!

 Caminhos de BH (novembro de 2014)

O tempo tem me ensinado a ser humilde diante da vida. A minha intensidade sempre me levou a fazer muitas coisas. Sentia um desespero por viver cada dia, cada momento, cada desejo. Queria conhecer uma centena de lugares. Participar de muitos projetos. Desenvolver novas metas. Me desafiar para alcançar objetivos mais elevados.

Nessa ânsia eu me atropelava e também levava comigo algumas pessoas queridas ao meu redor. Partia para uma nova lista de atividades, sem concluir antigas pendências. Tentava colocar embaixo do tapete meus sentimentos mal resolvidos para seguir em frente. Afinal, a vida precisava seguir, ainda que meu coração estivesse despedaçado.

Essa corrida sempre me deixava exausta. Enquanto a agenda se tornavam mais apertava, eu ia perdendo o prazer das pequenas coisas. Não tinha tempo para o pôr do sol ou para um cinema no meio da semana. Não conseguia responder todos os emails e retornar minhas ligações. A medida que crescia minhas responsabilidades e volume de compromissos, eu também sentia crescer a insatisfação.

Então eu tive que encarrar uma verdade... É preciso ser humilde diante da vida e conhecer meus limites. Por isso, eu estou tentando aprender a respeitar as limitadas horas do meu dia e os limitados dias da minha semana. Estou tentando reservar um tempo para o provável congestionamento nos deslocamentos na hora do rush. Confesso que ainda tenho pressa e, exatamente por esse motivo, preciso ir mais devagar!

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Campanheiros de Viagem!

(Bologna, outubro de 2014)

A melhor forma de conhecer alguém é viajando junto. Na viagem, as pessoas se revelam! É possível conhecer as prioridades, os gostos e o temperamento. Desde o planejamento até os dias da viagem, passamos por situações inesperadas (boas ou ruins), organizamos o orçamento, escolhemos os lugares prioritários para visita e o cardápio dos dias.

Por tudo isso, escolher um bom parceiro é fundamental para o sucesso da viagem. De um lado, uma escolha infeliz pode tornar a viagem uma verdadeira tortura. A sensação pode ser de carregar uma mala sem rodinhas e sem alça. Por outro lado, o parceiro certo torna a viagem muito mais agradável e divertida.

É delicioso ter alguém para explorar o lugar. Um companheiro de viagem pode ajudar muito na localização e no compartilhamento dos riscos do desconhecido. Um bom vinho se torna melhor com uma boa companhia e um destino muito mais interessante.

Não tenho dúvidas: um bom companheiro de viagem certamente será um bom parceiro para a vida. Por fim, meus sinceros agradecimentos a todos que tornaram minhas viagens inesquecíveis!!

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Outono...

Banco no Campus da Universidade de Bologna (outubro de 2014)

De todas as estações na Europa, o outono é para mim a mais bela de todas.  As folhas verdes tornam-se de múltiplas cores e cobrem as ruas como tapetes dourados.

Caminhar pelas praças e avenidas no final da tarde em tempos de outono é sentir um ar gelado no rosto e a esperança de renovação. Apesar dos sintomas de um resfriado e dos múltiplos espirros, eu adoro sentir-me aquecida ao entrar nas lojas e cafés.

A natureza reduz sua velocidade no outono. As árvores precisam se preparar para o longo sono do inverno. Esse descanso é importante para novas folhas que brotam quando a primavera chegar. Enquanto isso, tudo muda de rotação. Como se fosse possível a Terra girar mais devagar nessa bela estação.


Eu respiro fundo, sinto meus dedos congelando e o prazer de aquecer as mãos com a minha respiração. Nesse breves dias de outono pelo velho mundo, queria poder pausar a minha vida um pouco mais para admirar o triste colorido da chegada do inverno.

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

A felicidade de ser professora...

New York, maio de 2014.

Poucos dos meus alunos sabem, mas alguns desconfiam: eu adoro ser professora. Gosto da possibilidade de compartilhar o meu conhecimento limitado para multiplica-lo em progressões geométricas a cada semestre. A interação é também uma fonte de enriquecimento pessoal com histórias, casos, experiências de vida de centenas de pessoas.

Me encanta a mudança, as faces desconhecidas, os nomes a serem guardados, a ausência de rotina, o frio na barriga de uma nova turma a cada semestre, os desafios da troca de disciplinas ou da atualização do mesmo conteúdo a cada ano.

Eu também adoro meus múltiplos papéis enquanto professora universitária. Por vezes, orientadora, pesquisadora, coordenadora, curiosa, psicóloga, mãe, humorista... Por sinal, é delicioso ouvir o som das risadas altas provocadas pelas minhas histórias irreverentes e perceber a leveza nos rostos que chegaram tensos no início da aula.

Como orientadora, tenho a alegria de fazer parte de um momento tão importante para meus orientandos. Meu papel é ajuda-los a encontrar um problema, percorrer um caminho e finalizar uma etapa para iniciar desafios maiores.


A felicidade de ser professora só pode ser descrita como o prazer de ajudar e compartilhar mais do que conhecimento, é transformar e permitir-se ser transformado. A felicidade de ser professora é como cruzar uma ponte rumo a um novo destino.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

De volta ao começo...


A vida é um eterno recomeço. 
Não me lembro lembro que falou isso, mas algumas situações nos levam a pensar, repensar, mudar a direção, e, por vezes, dar uma volta de 180º ou 360º?! Quem sabe.
Hoje é terça-feira e eu estou recomeçando...
Tentei querer levantar mais cedo, mas a cama estava macia e quente. 
Me alonguei, respirei fundo e decidi recomeçar.
Redefinindo lista de prioridades
Inicianado nova dieta para perde 10 quilos em 3 meses (ou pelo menos 5 quilos)
Voltando ao pilates para fortalecer a lombar, enrijecer meu abdôme e me dar mais flexibilidade
Definindo as novas "velhas" decisões de me tornar mais pontual e menos irreverente
Atualizando os slides das classes para não me cansar do mesmo conteúdo
Reformulando um projeto de pesquisa para uma chamada
Respondendo os emails empoeirados da minha caixa de mensagens
Retomando os sonhos esquecidos
Rasgando velhas fotos para me preparar para novas paisagens
A vida não é fácil, mas entre encontros e desencontros, entre erros e acertos...
A única certeza que tenho é de que enquanto estiver viva, sempre existe uma oportunidade de RECOMEÇAR!