segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Fim de ano...

(Momentos marcantes: o dia da defesa, 25 de novembro de 2010)

O ano de 2010 está no fim... Em contagem regressiva, penso nas muitas coisas que vivi neste ano. Recentemente assisti uma reportagem que associava o final de ano ao aumento no nível de 'stress' da população: contas para pagar, presentes para comprar, reflexões sobre o ano que passou e o estabelecimento das metas para o ano seguinte.

Confesso que os últimos dias de 2010 estão sendo um pouco estressantes para mim. Concluí o curso e agora, ansiosa, aguardo os resultados de processos de seletivos. Na prática, ainda sou uma doutora em administração desempregada. Esses dias de ansiedade foram acompanhados por uma forte gripe, que me deixou de cama durante todo o final de semana de natal. Apesar da febre e dos constantes espirros, até que essa parada obrigatória foi positiva. Trouxe muita coisa à toa... Memórias, sentimentos, medos e uma leve esperança de que vai acabar tudo bem, pois, em breve, inicia um novo ano!

Acho que o final do ano também nos inspirar a recomeçar, a refletir nas decisões e a traçar novos objetivos. É hora de passar a régua, acertas as contas e começar de novo. Afinal, ganhamos um calendário novo com 365 dias inteiros para viver e uma agenda nova para preencher. Então, que venha 2011 com novos desafios, aventuras, viagens e muita felicidade...

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Medo que acabe...


Nos últimos dias ela estava diferente, mais calada, mais pensativa. Alguma coisa havia mudado em seu olhar. Apesar de uma leve melancolia, havia também um brilho diferente. Como a curiosidade é uma das minhas virtudes e defeitos, não resisti e questionei o que havia ocorrido nos últimos tempos.
- Acabou amiga...
- Mas o que aconteceu? Tudo parecia bem?
- Acho que acabou porque eu tinha medo que acabasse...
- Agora eu não entendi?!
- Com o tempo, tudo foi ficando diferente. Ele se afastou, ficou menos carinhoso, mesmo que não percebesse. Nossos encontros se tornaram cada vez mais espaçados. Quase uma obrigação de final de semana.
- Talvez seja normal com o amadurecimento da relação, não acha? A vida é tão corrida, as obrigações profissionais nos exigem tanto...
- Pois é amiga... aí eu comecei a sentir que, para ele, eu era mais uma obrigação, uma demanda a ser atendida, uma atividade na lista da agenda semanal.
- Mas você conversou sobre o assunto?
- Eu tentei, não sei se consegui me expressar direito... Quanto mais eu buscava atenção e demonstrações de carinho e afeto, mais ele se afastava, mais indiferente se tornava. Então, tive que tomar uma decisão dura e fria para por fim ao meu sofrimento. Foi assim que acabou...
- E você está segura da decisão?
- Segura? Ele me deu todas as evidências que não gostava mais de mim, eu ia ficar esperando o quê? A vida precisava seguir, mas acho que ficou uma lição....
- Que lição?
- As evidências podem enganar, por vezes é preciso um diálogo mais próximo, olho no olho, com todas as cartas na mesa. Abrir o coração, mesmo que doa expor as fragilidades. As pessoas são diferentes e para manter qualquer relação é preciso entender e respeitar as diferenças. Nem sempre resolve... mas talvez acabe com a certeza de que realmente tentamos dar certo e não com a sensação de ter fugido pelas evidências incertas do fim.
Eu fiquei pensando na lição da minha amiga, pensando na minha própria vida e escolhas. De fato, o medo de que acabe podem levar a equívocos, mas isso também serve de lição!

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Agenda Lotada...

(Jardins do Alcazaba de Málaga)

A melhor forma de não se deixar abater é seguir a vida.... A apresentação da tese se aproxima e minha agenda começa a se encher de pequenos compromissos profissionais e familiares. Termina a minha fase de doutoranda e entra em campo a professora universitária. Logo após a defesa tenho aulas para preparar, trabalhos para corrigir, feedbacks aos alunos, viagens para algum lugar ermo do país para aplicar prova...

Essa estratégia de agenda lotada é excelente. Sem tempo para respirar, eu também não tenho tempo para pensar no final do doutorado, no retorno ao mundo real depois de anos na "terra do nunca" e nas incertezas que ainda vivo em relação a 2011. Por vezes, nada melhor que adotar a praticidade masculina. Não perder tempo remoendo pensamentos e decisões. Basta seguir a vida para que novas possibilidades surjam de maneira surpreendente. Prefiro pensar assim, ou melhor, não pensar.

Além dos compromissos profissionais, também começo a me sentir novamente um "ser social". Acho que o período de isolamento social durante 2010 foi a pior fase do meu doutorado. Teve um custo alto para as minhas emoções. Fiquei mais sensível e carente de manifestações de afeto, que não aconteciam (nem mesmo dos mais próximos). Parece que quando mais precisamos de amor, até quem mais amamos se nega a regar nossa alma de afeto. A solidão era desértica, mas passou.

Foram longos anos de estudos, mas ao final, me sinto uma profissional mais capacitada, mais madura, mais mulher. "E agora, José?" A defesa pública de tese se aproxima, o CV foi enviado para algumas universidades, me preparo para concursos... sigo a vida enquanto aguardo muita coisa boa em 2011!

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Descompasso...

Pórtico da Redenção (Porto Alegre, Brasil)

Alguns dias atrás encontrei meus colegas de mestrado. Três destinos muito diferentes e, atentamente, escutei a trajetória daqueles simpáticos balzaquinos, meus companheiros de formação durante dois anos.

O primeiro havia se tornando consultor e professor nas horas vagas. Os aparatos tecnológicos que carregava indicavam uma vida conectada ao mundo dos negócios. Ele já era noivo na época do mestrado, tão logo obteve alguma estabilidade financeira, rendeu-se ao matrimônio e parecia feliz. O segundo optou por uma experiência internacional. Aventurou-se no Canadá por um ano e meio. Trabalhou como engenheiro por lá, mas a namorada ficou por aqui. Havia arquitetado um plano para continuar a relação à distância. As coisas não saíram como o planejado. Depois de 18 meses, viu-se diante de um dilema e decidiu voltar para o Brasil. Optou pela relação. Talvez algum dia se arrependa de ter voltado para o Brasil. Talvez não. O tempo dirá. O terceiro colega havia se tornado servidor público federal. Apesar de um contra-cheque satisfatório no final do mês, dizia-se insatisfeito com as atividades desenvolvidas. Estava pensando em encontrar algo que lhe desse mais prazer, contudo, que oferecesse também estabilidade e um bom salário. Um pouco complicado nos dias de hoje, mas não era isso que estava lhe tirando o sono.

Fora as questões profissionais, o grande dilema do meu terceiro colega era o apartamento que a namorada queria comprar com ele, já que com a renda dos dois conseguiram um "financiamento melhor". Na verdade, depois de seis anos de namoro, a moça queria casar. Ele sempre foi muito sincero com ela: "casamento não está nos meus planos!" No começo, tudo são flores e ela tinha certeza que ele mudaria de ideia. Entretanto, o tempo passou e meu colega seguia defendendo com "unhas e dentes" a sua liberdade. Sentia-se sufocado na relação, e apesar do crescente afastamento entre os dois, também não tinha coragem para terminar. Levaria até o limite... até a moça tomar a iniciativa!

Nesse caso, era nítido o descompasso entre os dois. Meu colega gostava na namorada, sentia-se satisfeito com uma relação de namoro. Estava comprometido com ela, mas não queria morar junto, noivar, casar. Essas "coisas de mulher" que demanda tempo. Prender-se definitivamente, nem pensar!! Tudo o que ele queria era congelar a relação naquele estágio, enquanto ela sonhava com véu e grinalda, uma casa e um cachorro. Olhando de fora, era visível o sofrimento dos dois na relação. Meu conselho racional foi: ou você se casa ou você termina. Mas era complicado. Os dois caminhos seriam muito dolorosos para ele. Ninguém estava certo ou errado.... Em algum momento eles mudaram suas perspectivas da relação... Era apenas o descompasso de duas vidas!

Voltei para casa e no rádio tocava uma velha canção do nenhum de nós! Então eu cantei: "não vou mais lhe segurar, vou deixar que você se vá..."

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

O fim...

(Carlos Drummond de Andrade na Praia de Copacabana, Rio de Janeiro, setembro de 2010)

Enquanto trabalho na versão final da minha tese, reflito na proximidade do fim do meu doutorado... Os membros da banca examinadora já foram escolhidos, o desafio era ajustar as datas de quatro professores ocupados! Depois de algumas idas e vindas de mensagens eletrônicas, a data e o horário são definidos. Então, eu começo a  lembrar do quanto sonhei com essa data nas diversas fases da minha vida profissional - da bolsa de iniciação científica, quando decidi que me tornar uma "cientista social" até os recentes dias negros do doutorado, relatados com detalhes nesse blog. E agora que o fim se aproxima, eu me sinto estranha. Fica evidente que o mais importante do doutorado não é o título concedido ao final de quatro anos de pesquisa, mas o caminho que percorremos nessa busca.

Lembranças povoam a minha mente: os lugares que conheci, as lições aprendidas, os desafios que superei, a dor da solidão, a alegria do reencontro, as pessoas que me acompanharam durante todo o caminho ou em parte dele, saudades. Pensando nisso, mudo a perspectiva do fim...

Olhar para trás me remetem a um punhado de bons e maus momentos, que agora são parte da minha história, parte do que me tornei. Olhar o presente me faz refletir sobre as minhas escolhas. Olhar para frente me leva a pensar nas possibilidades que se abrem diante de mim.... pés trêmulos ou passos firmes? lágrimas ou sorriso no rosto? nostalgia ou esperança? A vida segue me dando escolhas! O fim pode ser um sofrimento ou apenas o primeiro passo de uma nova jornada... só depende de mim!

Não, meu coração não é maior que o mundo.
É muito menor.
Nele não cabem nem as minhas dores.
Por isso gosto tanto de me contar.
Por isso me dispo,
por isso me grito,
por isso freqüento os jornais, me exponho cruamente nas livrarias:
preciso de todos.
(Mundo Grande, Carlos Drummond de Andrade)

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Dúvidas...

(Parque del Retiro, Madri)

Dúvidas... Como faço para me livrar delas? Elas me perseguem, quando encontro uma resposta, outras tantas questões aparecem! Circundam minha mente, abatem meu coração. Alguns dias, quase me sufocam.

Tantas possibilidades, tantas dúvidas. Algumas delas profundas, quase geram em mim uma crise existencial. Me fazem refletir sobre os meus objetivos de vida e prioridades. Como numa gangorra, me pergunto: norte ou sul? novembro ou dezembro? público ou privado? direita ou esquerda?

Eu que sempre me considerei tão decidida... me sinto atordoada. O que também não me surpreende completamente, pois as dúvidas são marcantes no universo feminino. As dúvidas nos acompanham na compra de um novo vestido, de um par de sapatos, de um presente para um amiga, na troca de emprego, etc, etc, etc. Elas também surgem nas relações amorosas e costumam assombrar o coração de uma mulher: será que ele me ama? será que pensa em mim? será que sente saudades? será...

Hoje me sinto cheia de dúvidas e não há nada a fazer. Tento aquietar meu coração e descansar meu corpo cansado. Só por hoje quero esquecê-las todas e dormir em paz...


No me malinterpreten,
No estoy quejándome.
Soy jardinero de mis dilemas.
...
Pero esta noche, hermana duda,
Hermana duda, dame un respiro.
(Hermana duda / Jorge Drexler)

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Uma paradinha....

(Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, setembro/ 2010)

Prezados leitores desse blog... Peço desculpas pela minha ausência nas últimas semanas, mas todo mundo merece uma "paradinha"! Depois de meses de trabalho intenso na tese, as conclusões sugaram o resto da minha energia e senti que era o momento de parar. Sem dúvida, eu precisava de uma paradinha. Desejava circular por ambientes nos quais as perguntas sobre os prazos do doutorado ou o andamento da tese não me perseguissem. E foi assim...

Por breves e deliciosos dias, eu me senti inteira novamente. Fiquei off-line. Me deixei levar pela sensação de dever "parcialmente" cumprido e sai de férias. Degustei novos vinhos, apreciei sabores interessantes, testemunhei a mescla de culturas e religiões, senti o sol e a brisa do mar no meu rosto. Sim, eu estava de férias. Por sinal, eu acho que o direito a férias deveria estar no estatuto universal dos direitos humanos!!

Essas férias foram fundamentais para eu reduzir o ritmo, respirar fundo, captar outras perspectivas, descansar a mente e repensar algumas posturas. O afastamento me mostrou que ansiedade, por vezes, é minha maior inimiga na vida profissional e pessoal. Descobri que preciso urgentemente aprender a reduzir as minhas expectativas e exigências. O sucesso é o resultado natural de um trabalho e o amor é sempre uma dádiva, um presente espontâneo e sincero de alguém. Logo, é preciso relaxar e deixar o barco seguir seu rumo ao acaso.  De volta ao lar, me sinto com mais vontade de trabalhar, motivada pelos planos de umas novas férias numa terra boa com sol e mar ao som de Titãs!

Devia ter complicado menos / Trabalhado menos / Ter visto o sol se pôr
Devia ter me importado menos / Com problemas pequenos / Ter morrido de amor...
Queria ter aceitado / A vida como ela é
A cada um cabe alegrias / E as tristezas que vier..
O acaso vai me proteger enquanto eu andar distraído...
(Epitáfio / Composição: Sérgio Britto)
http://www.youtube.com/watch?v=L3eiOMQVUqs&feature=player_embedded#!

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Conclusão...







A conclusão leva a temas para novos estudos... 
(Genebra, maio de 2009)

Depois de quase quatro anos de doutorado, finalmente chegou o momento de escrever a conclusão da tese!!! Então, eu faço uma "viagem profunda" nas páginas escritas sobre clusters, vinho, internacionalização... e penso: o que eu posso concluir? 

De maneira simplificada, basta pensar nos objetivos traçados, apontar os principais resultados, identificar as contribuições teóricas e práticas (será que tenho alguma?!), reconhecer as limitações (afinal, sempre é possível fazer melhor...) e propor novos estudos (o que eu não fiz, mas posso fazer no futuro). Parece simples, mas estou escrevendo há quatro horas para ter três parágrafos esboçados.

Então, por que é tão difícil escrever uma conclusão? Talvez porque concluir também não seja fácil. Anos atrás li uma pérola de fonte desconhecida: no Brasil, nosso problema não é iniciativa, mas a falta de "acabativa". Apesar do neologismo, o autor dessa frase está certo. Iniciar é muito fácil. Cheios de planos, iniciamos um novo curso, uma nova dieta, uma nova atividade, um novo artigo, uma nova pesquisa... o tempo passa, a novidade vira rotina e chega a hora de concluir para avaliar os resultados. Chega o dia de pegar o boletim, subir na balança ou submeter os resultados da pesquisa para a avaliação dos pares. É preciso coragem, pois a avaliação pode ser tanto positiva quanto negativa. De qualquer forma, sempre chega a hora de concluir alguma coisa sobre algo.


Enquanto escrevo a conclusão da tese, penso na minha trajetória durante esses quatro anos. Foram tantos objetivos traçados. Alguns destes completamente esquecidos. Outros foram atingidos além do esperado. Mas acho que os resultados foram positivos e, talvez, eu tenha deixado alguma contribuição na vida de alguém. Todos temos nossas limitações e eu prefiro não pensar no que deixei de fazer em função do doutorado. Depois de longas semanas de reclusão social para escrever a tese, me acalenta lembrar das pessoas que conheci nos caminhos percorridos e daquelas que seguem ao meu lado, ainda que geograficamente distantes. As últimas linhas surgem e me animam, pois apontam possibilidades de novos estudos... 

Assim, eu concluo esse texto com a ajuda de John e Paul: All you need is love! It´s easy!!
http://www.youtube.com/watch?v=r4p8qxGbpOk

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Poderosa...



(Jardins do Palácio de Mônaco, fevereiro de 2009)


Afinal, o que é ser uma mulher poderosa?! Há quem confunda uma mulher poderosa com mulheres dominadoras e possessivas. Entretanto, essas estão longe de serem "mulheres poderosas". Respondendo à questão, eis aqui a minha visão sobre o que é ser uma mulher poderosa...


Uma mulher poderosa não é dominadora, nem possessiva. Jamais! Ela influencia, não domina. Ela estimula, não poda. Ela prima pela liberdade, pelo respeito, pela compreensão. Uma mulher poderosa sabe seu valor. Ela sabe o carinho, o amor e o afeto que merece. Sentimentos são espontâneos, não podem ser gerenciados. Logo, ela nada exige, mas não permite que a tratem de maneira leviana.

Uma mulher poderosa é decidida, não desrespeita ao próximo, nem a si mesma para atingir seus objetivos. Conhece seus limites e reconhece seus erros. Ela sabe enfrentar as derrotas da vida de cabeça erguida e tirar destas alguma lição. Um mulher poderosa trata a todos com gentileza e bondade. Disciplinada consigo mesmo, tolerante para com o próximo. Abre o coração com franqueza, sem perder a ternura.

Acho que uma mulher não nasce poderosa, mas ela pode se tornar ao longo da vida, caso aprenda com suas experiências, nas relações e, sobretudo, na busca de conhecer-se um pouco mais.

Uma mulher poderosa é também vitoriosa...
http://www.youtube.com/watch?v=mm48WJHb1Zw&feature=related

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Medo...

(Foto: Fabio Reis)

Medo... Esse sentimento de auto-proteção nos acompanha desde o nascimento. Nascemos com medo de sair do aconchegante ventre de nossas mães. Temos medo do primeiro passo, até nos levantarmos corajosamente para percorrer o mundo. Temos medo do primeiro dia na escola, do abandono dos nossos pais e dos olhos curiosos dos coleguinhas.

Crescemos e o medo segue conosco. Por vezes, aquele frio na barriga é uma mistura de ansiedade e medo. Medo do primeiro beijo. Medo do vestibular. Medo da entrevista de estágio. Medo do futuro incerto ao final da graduação. O desconhecido nos seduz e nos apavora. Uma nova teoria, um novo emprego, uma nova cidade, um novo país, um novo amor. Sim, os sentimentos também podem nos surpreender e causar medo. Medo de dizer "eu te amo". Medo de não ser correspondido. Medo de uma decepção. Medo da solidão. Medo de recomeçar.

Alguns dias nossos medos se revelam mais intensos. Em outros, o esquecemos e nos enchemos de coragem. O fato é que a única forma de superar o medo é enfrenta-lo. Eu acredito que o medo também é positivo, pois nos desafia... a crescer, a aprender coisas novas, a fazer novos amigos, a andar por novos caminhos, a viver um amor, a irmos mais longe para não nos conformarmos com uma vida limitada por nós mesmos. O abismo pode ser perigoso, mas a vista é recompensadora!

Miedo - Lenini e Julieta Venegas
http://www.youtube.com/watch?v=Bdpc_DFWhjI

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Cansei...

(Sala dos Espelhos - Palácio de Versalhes, França)

Alguns dias, eu canso. Nesse dias, eu sinto os meus objetivos distantes, quase inalcançáveis. As ideias não fluem. Os tempos não se encaixam. Insisto, persisto, as palavras se calam. Permaneço muda diante do monitor. Transpiro em busca de respostas, mas minha mente segue cheia de dúvidas. Tento mudar os meus olhos "viciados" na leitura da tese. Não tem jeito. Olhos viciados são assim, os deslizes do texto passam desapercebidos.

Drummond já dizia: "no meio do caminho tinha uma pedra, tinha uma pedra no meio do caminho..." Entretanto, nesses dias de cansaço, não é apenas uma pedra. As pequenas pedras brotam e parecem muralhas diante de mim. Quase me esqueço de contemplar as flores. Estou cansada, mas não posso parar. Apenas sento à margem do caminho para respirar. Penso na brisa do mar, no gosto de um Châteauneuf du Pape, nas palavras sussurradas ao ouvido. Olho algumas fotografias e sinto o calor do sol aquecendo meu rosto. Respiro fundo para encher os pulmões de esperança. Preciso ter fôlego. Mas confesso, alguns dias, eu canso.

Fotografia (Leoni e Léo Jaime)
http://www.youtube.com/watch?v=y0rWBzLiy7A

Hoje o mar faz onda feito criança
No balanço calmo a gente descansa
Nessas horas dorme longe a lembrança
De ser feliz
Quando a tarde toma a gente nos braços
Sopra um vento que dissolve o cansaço
É o avesso do esforço que eu faço
Pra ser feliz
O que vai ficar na fotografia
São os laços invisíveis que havia
As cores, figuras, motivos
O sol passando sobre os amigos
Histórias, bebidas, sorrisos
E afeto em frente ao mar.
Quando as sombras vão ficando compridas
Enchendo a casa de silêncio e preguiça
Nessas horas é que Deus deixa pistas
Pra eu ser feliz

domingo, 8 de agosto de 2010

Palavras e Números...


Nos últimos dias eu troquei as palavras pelos números! Mergulhei de cabeça no mundo da estatística para analisar os dados quantitativos da minha tese... Depois de alguns anos sem desenvolver estudos dessa natureza, a tese também me trouxe mais esse desafio. Acho que já me acostumei ao sentimento de ignorância diante de um novo campo de conhecimento. Parafraseando Sócrates, "só sei que nada sei..." Vivencie esse sentimento inúmeras vezes ao longo do doutorado. Quando ingressei no fascinante mundo do vinho, diante a diversidade de teorias sobre internacionalização e clusters, nas primeiras entrevistas na França. No quarto ano, quando eu finalmente comecei a me sentir "confortável" com meu tema de pesquisa, o desafio da estatística se colocou diante de mim. A vida sempre nos apresenta a oportunidade de aprender algo novo.

Então, eu que não fujo dos desafios, enfrentei os números. Médias, modas, medianas, variâncias e correlações, teste T, ANOVA, MANOVA, Análise Fatorial, Regressão Linear Múltipla. Mas depois de uma longa coleta de dados e de profundos estudos sobre estatística multivada, eu descobri com o teste de Kolmogorov-Smirnov (ou simplesmente K-S) que os meus dados não tem um "comportamento normal"... e não tem terapia que dê jeito. Nesse caso, o caminho mais coerente são os testes não-paramétricos. Depois de semanas estudando os testes paramétricos, o que fazer? Sem desespero. Novamente penso comigo mesma, "só sei que nada sei!"

Afinal, não posso mudar os números. A simplicidade da estatística não aceita meio termo: é sim ou não! Não deve existir espaço para "talvez". O cálculo pode ser complexo, mas resultado é simples, basta saber interpreta-lo. Para alguns pesquisadores, abordagens qualitativas e quantitativas são antagônicas. De um lado, a riqueza da subjetividade das opiniões expressas nas palavras dos entrevistados, dos documentos e na percepeção das observações. Por outro, a objetividade dos números que, por vezes, poderá ser generalizada para uma população inteira. Mas acho que não é bem assim. Podem me chamar de indecisa, mas eu sigo com os dois. Palavras e Números... Números e Palavras.... Na minha tese, serão complementares. Ambos me ajudarão a atingir os objetivos da minha pesquisa. Se a estatística faz os números falarem, as palavras dos entrevistados também são importantes (e muito) na interpretação dos meus resultados.

Só sei que nada sei... Esse tem sido o gelado caminho que percorro rumo à conclusão do meu doutorado! Apesar da neve e das baixas temperaturas do inverno gaúcho... Sigo construindo meu caminho a cada passo.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Se...

Nem todas as peças se encaixam... (Vinisud 2010)

Parecia um começo de semana normal de inverno. Dia gelado, mas com céu azul. Bom sinal. Quase sem voz, uma leve tosse me lembrava dos últimos dias com gripe forte. Peguei o carro, levei minha mãe ao médico e dei uma passada na Universidade. Achei uma boa vaga na frente da UFRGS, mas em local proibido. Dei a volta na quadra e estacionei corretamente. Satisfeita por fazer o "certo", em milésimos de segundos comecei a pensar em todas as atividades que me aguardavam. Seria um dia cheio, e foi...

Ao sair do carro, um sujeito se dizendo armado exigiu a chave do carro. Não reagi e entreguei as chaves. Enquanto ele ligava o veículo, no instinto de doutoranda, "resgatei" a mochila do notebook com a carteira de documentos do banco traseiro do carro e os arquivos da tese. O bandido se foi e eu segui, pensado no "se"...

Se eu tivesse dormido mais um pouco. Se eu tivesse estacionado na primeira vaga em local proibido. Se eu tivesse ido de ônibus como sempre. Se eu tivesse visto o homem suspeito antes de estacionar. Se eu decidisse ir na biblioteca da Economia ao invés de ir na Escola de Administração. Se eu simplesmente não estivesse ali às 11 horas do dia 26 de julho de 2010... mas era tarde. O leite estava derramado. Não adiantava pensar no "se..." Nesses momentos, sempre prefiro pensar no "E agora?" Tomei as providências necessárias e me recuperei do choque.

Possibilidades de momentos passados não mudam fatos presentes. E agora? Ocorrência registrada, seguradora comunicada. Agora é aguardar e seguir. Amanhã vou para a Universidade com o velho Alvorada-Protásio e todos os arquivos num pendrive! A vida segue... A tese não pode parar.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Mude a fonte...

Foto: Fábio Reis

- Mude a fonte, amiga!
- Como assim?
- Depois que comecei a escrever a tese em Times New Roman, meu trabalho começou a render mais! Quem sabe se você trocar a fonte, também comece a escrever mais e melhor...

O conselho não fazia sentido algum, mas afinal poucas coisas na vida fazem algum sentido. Concluímos nossa longa conversa e eu fiquei pensando no conselho da minha amiga. Então, decidi mudar a fonte!!!
Entretanto, essa mudança não foi apenas de Arial para Times, tentei mudar a minha perspectiva em relação aos últimos acontecimentos. Olhar menos para o que falta e lembrar do longo caminho já percorrido. Esquecer um pouco das incertezas e pensar em todas as possibilidades que podem se abrir diante de mim nos próximos meses. Deletar, mesmo que por alguns momentos, minhas expectativas pessimistas e pensar no meu cenário mais otimista.

Mudar a fonte me remeteu ao "laissez faire, laissez passer" dos franceses, à beleza do mar mediterrâneo e ao barco solitário que meus olhos curiosos seguiam do alto da Notre Dame de Marseille. Mudar a fonte me fez lembrar da imprevisibilidade da vida e dos caminhos que meus pés inquietos já percorreram. Assim, mudar a fonte também me lembrou das decisões tomadas: cursar um doutorado na UFRGS, um tema de pesquisa, um projeto, um orientador, uma teoria, a mudança no método de pesquisa, um lugar para estágio no exterior. Por vezes, quase me esqueço de quão difícil foi tomar algumas dessas decisões.

Agora vou tomar mais uma decisão. Vou mudar a fonte. Provavelmente esse pequeno detalhe não vá tornar minha tese melhor ou pior, mas me fez refletir sobre as "mudanças" e as "escolhas". Escolher é parte da nossa existência e feliz daquele que é livre para escolher!

<< Todos os caminhos trilham pra gente se ver... Todas as trilhas caminham pra gente se achar...>>
http://www.youtube.com/watch?v=Gd3nijAdEP8&feature=related

sábado, 3 de julho de 2010

Regresso...

Pés no caminho (Valência, dezembro de 2009)


Quase seis anos atrás ele veio morar conosco. Ocupou o quarto de hóspedes, que hoje tem a sua cara. Ainda me lembro da falta que sentia dos amigos e da família nos primeiros meses. Embora soubesse que a solidão seria parte do processo, foram tempos difíceis. Estava em família, mas não na sua família. Fazia novos amigos, mas havia deixado aqueles com quem compartilhou toda a vida até então. Precisou crescer, se adaptar, amadurecer. Para mim, tornou-se o irmão que não tive. Companheiro nos mais variados programas: cinema, teatro, lanches eventuais nos finais de semana, formaturas e casamentos.

O tempo passou e ele fez da nossa casa, a sua casa também. Criou vínculos e os novos amigos se tornaram cada vez mais próximos, quase irmãos. Se apaixonou algumas vezes, sofreu com os desencontros da vida... mas finalmente encontrou alguém para amar. Então, já era o momento de voltar. Precisava cumprir a promessa de que sua estada em terras distantes seria apenas uma etapa da sua formação profissional.

No fundo, ele já não sabia mais se queria voltar. Seu coração não era mais do norte, nem do sul. Sentia-se com duas casas. Estando no norte, sentiria saudades do sul. Estando no sul, sentiria saudades do norte. Mas decidiu partir para cumprir sua promessa  e fez uma nova promessa: "Eu volto pra te buscar!" Carro lotado, coração apertado, ele partiu para cruzar o Brasil na esperança de um novo eldorado. Nessas contradições da vida, regressou com a promessa de voltar...

"A vida não é brincadeira, amigo
A vida é arte do encontro
Embora haja tanto desencontro pela vida
Há sempre uma mulher à sua espera
Com os olhos cheios de carinho
E as mãos cheias de perdão
Ponha um pouco de amor na sua vida
Como no seu samba..."
Composição: Vinicius de Moraes / Baden Powell

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Gerenciamento de Possibilidades...


O mundo é cheio de possibilidades. Não adianta se lamentar por uma oportunidade perdida. Pensar no "gerenciamento das possibilidades" que a vida oferece, sempre me acalentou em momentos difíceis.

Afinal, nem sempre a gente consegue atingir um objetivo profissional, por mais que se esforce e "faça tudo certo". Por vezes, simplesmente não acontece. Acho que, por isso, sempre tentei vislumbrar múltiplas possibilidades no Brasil, na França, na China... Por que não?! As oportunidades profissionais estão por toda parte, mas "raramente" elas batem na nossa porta. Via de regra, é necessário correr atrás, enviar e-mails, ligar, insistir. Até que, finalmente, um leque de oportunidades se abre diante de nós e podemos escolher uma delas para trilhar.

Já nas possiblidades amorosas, minha análise é diferente. Mesmo cursando um doutorado em administração, sei que não se gerencia as "coisas do coração". O fato é que nem sempre conseguimos conquistar o coração de alguém, talvez porque ninguém conquiste o coração de ninguém. Na minha visão, esse processo é um encantamento mútuo, não adianta forçar, insistir, bater o pé, pressionar... a gente gosta e pronto. Se essa sintonia não ocorre, o melhor é esquecer o sujeito e seguir a vida. Quando a gente menos espera, surge uma nova possibilidade de viver uma paixão. Uma vez apaixonados, todas as outras "possibilidades" perdem o encanto. Nos dispomos a cruzar o mundo, se preciso for, para estar perto do ser amado.

No fundo, minha "teoria de gerenciamento de possibilidades" é simples: o importante é correr atrás dos nossos sonhos, sem esquecer que contratempos e decepções podem surgir no meio do caminho... por outro lado, novos sonhos, novos planos, novas possibilidades também surgirão. A vida seguirá com mais encanto, desde que sigamos encantados pela vida.
 
Traduzir-se >>> Ferreira Gullar

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Deixando pra depois...

Uma taça no fim do Túnel (outubro/2008)

Entre um café expresso e o jogo da França e Uruguai, eu conversava com um amigo sobre as minhas dificuldades em me concentrar "apenas" na tese. Diante da confissão dos meus anseios, ele me contou a sua experiência nesse processo.
- Pois é, eu te entendo bem. Eu deixei as atividades do doutorado pra "depois" e o "depois" nunca chegou... Sempre havia uma aula para preparar, meus filhos pequenos, o emprego que consegui logo que voltei dos Estados Unidos e o tempo passou... Acabei perdendo os prazos e um doutorado no exterior, depois de três anos morando fora e com alguns capítulos já redigidos.
Ele havia começado um doutorado nos Estados Unidos, no último ano decidiu voltar para o Brasil para escrever a tese. De volta ao país, foi deixando o doutorado pra depois, se perdeu nos prazos e nunca terminou.

Acreditem em mim, no mundo acadêmico isso acontece com mais frequência do que a gente imagina. Não é fácil administrar a "pseudo-liberdade" dos quatro anos de um doutorado. Principalmente nos dois últimos anos, nos quais estamos "livres" das disciplinas, aprovados na qualificação e com o projeto defendido. Somos "quase" doutores, basta coletar os dados e escrever a tese. Surge, então, o risco enorme de "deixar pra depois". E esse risco não correm apenas doutorandos, mestrandos e graduandos também podem sofrer do mesmo mal.

Os passos parecem simples: definir a questão de pesquisa, revisar a literatura, sintetizar e elaborar um modelo, propor um método de pesquisa, coletar e analisar os dados e, finalmente, ESCREVER... A gente sabe o que precisa fazer, mas o difícil é sentar e fazer! Por isso, sigo "viciada" nas minhas listinhas de atividades. Elas são a minha memória, me ajudam a não deixar pra depois aquelas tarefas do doutorado que eu tenho a tendência de adiar (e por vezes, adio).

Enfim, por vezes atrasada, por vezes adiantada, sigo de olho na minha meta pessoal de conclusão do curso... Alguns dias ela me parece "utópica", me estresso nessa busca, mas não posso correr o risco de "deixar pra depois"!

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Custo-benefício...

Flores em Berlin (abril de 2009)

O Dia dos Namorados está por toda parte. Nas vitrines, nos outdoors, nos comerciais da TV, até nos spams que invadem nossa caixa de e-mails. Com tantos lembretes, torna-se impossível esquecer essa data comemorativa.

Para quem está solteira, há sempre uma lista de “vantagens” para não se comemorar uma data tão comercial. Afinal, é mais econômico não ter namorado. Você pode economizar no presente e nos acessórios que uma noite especial exige. Além disso, não vai enfrentar a fila nos restaurantes e pode se deliciar com um Malbec assistindo um filme de suspense policial em DVD. Outra opção é reunir um grupo de amigas na mesma condição para discutirem amenidades e talvez nem percebam que dia 12 de junho é Dia dos Namorados. Enfim, estar solteira nesta data pode ter uma boa relação “custo-benefício”. Mas quem se importa?

De fato, ninguém se importa com a relação "custo-benefício" quando o assunto é Dia dos Namorados. Desejamos comprar o melhor presente para o rapaz e todos os acessórios que a noite merece. Preparar uma receita especial devidamente harmonizada com um grande vinho. Escolher uma bela trilha sonora e declarar nossos sentimentos, por vezes velados na rotina do casal. Nada melhor do que dizer e ouvir um “Eu te amo!” na noite do Dia dos Namorados.

Entretanto, essa noite idealizada nem sempre é possível. Ou melhor, não em 12 de junho de 2010. Talvez seja impossível encontrar um namorado em 24 horas ou cruzar milhares de quilômetros de distância diante de uma agenda repleta de compromissos acadêmicos e um saldo bancário limitado. Então, a gente tenta se consolar com o "custo-benefício” de um Dia dos Namorados solitário. Mas no fundo, tudo o que deseja é desafiar a relação de tempo, espaço e "custo-benefício" para passar a noite do dia 12 com o namorado!

domingo, 6 de junho de 2010

O jogo vai começar...

Na espera dos jogos (foto: Fábio Reis)

Nos próximos dias, os olhos do mundo estarão voltados para a África do Sul. Embora eu tente manter os olhos na análise dos dados da minha tese, o clima da Copa é contagiante. Equipes dos cinco continentes estarão na disputa, mas nem todas estarão jogando o mesmo tipo de jogo, nem disputando o mesmo título. Me explico.

Para alguns países "desafiantes", a simples classificação já valeu como um título. Conscientes de suas limitações técnicas, essas equipes vão jogar o melhor que podem, mesmo sabendo o "seu melhor" não as levará à taça. Talvez sejam eliminados na primeira fase, talvez nos surpreendam e cheguem mais longe do que todos estão esperando. Temos ainda as "favoritas". Essas equipes entrarão em campo com um único objetivo - o título de campeão mundial de futebol. Por isso, tentarão colocar em campo toda a habilidade e o talento necessários para alcançar este objetivo. Diante desta pressão elavada, provavelmente algumas dessas grandes equipes nos decepcionarão.

Entre surpresas e decepções, todos aguardam ansiosos a grande final do dia 11 de julho! O Brasil segue favorito e tudo o que podemos fazer é torcer há milhares de quilômetros de distância, mesmo não acreditando nas escolhas do nosso técnico.

O possível desempenho das equipes na Copa, me fez pensar que nós também somos assim.... Por vezes, nós surpreendemos. Por vezes, nós decepcionamos. Em algumas partidas, entramos em campo cheios de disposição e surpreendemos até o mais cético dos torcedores. Em outras, inseguros e sob pressão, corremos o risco de decepcionar até a torcida organizada mais fiel. Desafiante ou favorito? Não importa. O importante é que a bola continue rolando, pois o jogo não pode parar. Quando a gente menos espera, a jogada perfeita dá origem a um gol de placa. Eu não jogo futebol, mas também estou em busca de um título: Doutora em Administração! Torçam por mim... ;-)

domingo, 30 de maio de 2010

Encaixe...

Señor Tango, Buenos Aires (janeiro/2008)

Ela estava linda naquela noite. Um vestido preto básico e um sorriso radiante. Era o seu aniversário e também a festa de noivado. Alguns meses atrás havíamos nos encontrado por acaso e ela me confidenciou suas preocupações em relação ao seu futuro amoroso. O tempo estava passando e ela começava a se questionar se encontraria alguém para fazê-la feliz, formar uma família, construir uma vida. Passada essa fase de crise existencial, ela encontrou um novo amor. Pouco tempo depois, estava noiva... Minha amiga é assim, não tem meio-termo. Quando o namorado sugeriu que morassem juntos e ficassem noivos, ela foi direto ao ponto com o rapaz:
- Bom, mas se for para ficarmos noivos, vamos casar logo! Não quero um noivado de séculos.
- Então, casamos!

Você pode achar precipitado ou impulsivo. Pode sentir pena do noivo pressionado. Entretanto, o que realmente importa é que “eles se encaixam”. Afinal, todo casal precisa de encaixe. Qualidades e defeitos todo mundo tem. A grande questão é o encaixe das qualidades e defeitos de duas pessoas.

Ela é impulsiva e ele precisa de um empurrãozinho. Ela é independente e ele admira a sua autonomia. Ela é espontânea e ele adora sua risada escandalosa. Ela vive planejando os detalhes e ele gosta de organização. Ela adora viajar e ele aprecia descobertas. Acrescente uma pitada de reciprocidade, respeito e paixão... Na minha opinião: isso é encaixe.

Não sei se minha amiga viverá feliz para sempre. Mesmo com meu nome de princesa, já faz algum tempo que descobri que a “Bela Adormecida” é um conto de fadas. Sua função é acalentar os sonhos de um futuro feliz no imaginário infantil (que, por vezes, nos acompanha vida a fora). Então, não me preocupo com o fim da história, vou guardar na memória o sorriso radiante de felicidade da minha amiga naquela noite e torcer para que esse encaixe seja “eterno, enquanto dure”. Quiçá pela uma vida inteira, com filhos e netos. Mas que seja eterno...

<< Não precisa mudar, vou me adaptar ao seu jeito / Seus costumes, seus defeitos / seus ciúmes, suas caras,/ Pra quê mudá-las? (...) Assim eu sei que no final fica tudo bem, a gente se ajeita numa cama pequena, / Te faço um poema, te cubro de amor... >> (Ivete Sangalo e Saulo Fernandes)
http://www.youtube.com/watch?v=AtiUjdAy84I

sábado, 22 de maio de 2010

Malhação...

Outono em Montpellier (novembro/2009)

De volta a rotina no Brasil, eu decidi começar a malhar! Afinal, dizem que existe vida após o doutorado... Logo, é hora de começar a preparação para o verão 2011. O primeiro passo é a avaliação física. O instrutor se aproxima com a fita métrica, a balança e aquele "beliscador" para medir a minha gordura corporal. Em poucos minutos, ele mensurou o que as mulheres chamam de "excesso de gostosura". Nossa!!! No meu caso eram 4 centímetros nas coxas e 3 centímetros na barriga. Mas nada de pânico, eu tenho mais alguns meses.

Com esse vício de pesquisadora, logo descobri que a academia também pode ser um campo de pesquisa interessante do ponto de vista sociológico. O público em geral pode ser divido em três grupos: os sarados, que frequentam a academia diariamente (mesmo com corpos definidos e magros, seguem com uma disciplina invejável!); os ex-sedentários, que estão "tentando mudar de vida" e decidem inserir pelo menos uma atividade física duas ou três vezes por semana (sim, essa sou eu!); e os desesperados, que são realmente acima do peso e decidem se "internar" na academia para perder peso (normalmente, desaparecem depois de uma semana).

Abandonar uma vida sedentária também exige persitência e dedicação. Por isso, eu decidi começar com uma série leve de adaptação três vezes por semana. Para auxiliar na perda de peso, mais 30 minutos de esteira e aulas de dança de ritmos brasileiros. Dois pra lá, dois pra cá. Sobe e desce, desce e sobe. Comecei a gostar... Mesmo depois de um pequeno acidente com o polegar esquerdo ajustando um equipamento da musculação, sigo firme. Na próxima segunda recomeço a academia e a dieta. Logo eu saio da categoria dos ex-sedentários e me torno uma sarada!

Naqueles dias de crise com a tese, eu me imagino com os pés na areia, tomando água de côco, ao som de Ivete, aí eu sinto o calor do sol no meu rosto, sou eu... doutora e sarada. Então, eu caio da cama e acordo com frio. Vou para frente do computador à espera de uma inspiração. Por enquanto, doutoranda, ex-sedentária e persistente! O caminho é longo. Agora é outono em Porto Alegre, mas o verão 2011 me aguarda... ;-)

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Cafés e Cafas...

Foto: Fábio Reis

Duas amigas conversam num café...
- E você acredita que ele é fiel, mesmo com toda essa distância?
- E você? Acredita que seu namorado é fiel, só porque mora na mesma cidade?
A pergunta a desestabilizou. Ela não espera aquela resposta. Um pouco hesitante, ela prossegue.
- Bom... Acho que sim. Afinal nos vemos todos os dias...
- Mas você não pode tem certeza, apenas confia. Então... Eu não sei se ele é fiel e isso não me preocupa. Me importa o que eu sinto por ele e como ele me faz sentir, mesmo tão distante. Me importa as lembranças que compartilhamos. Me importa os planos do nosso reencontro...
- Então, fidelidade não é importante pra você?
- Eu não disse isso... Apenas acredito que as pessoas perdem muito tempo pensando nisso por causa da distância. Eu estou aqui, saio meus amigos e nem por isso beijo o primeiro “sapo” que aparece. Eu sei o que eu quero e espero que ele também saiba. Agora, certezas ninguém pode ter, nem no Brasil, nem na China. A gente apenas confia, como espera que o outro confie na gente. Isso é a base de qualquer relação, seja próxima ou distante.

 As amigas mudaram de assunto. O tema agora era a programação do cinema e as possibilidades para uma quinta à noite “light”. Eu terminei o meu café e fiquei pensando sobre que tipo de cafajeste se tratavam os rapazes em questão, carinhosamente chamados de “cafas” neste texto. Eu explico. Afinal, toda mulher já teve um “cafa” (ou alguns) na sua vida.

Na minha teoria, não validada cientificamente, argumento que existem três tipos de homens “cafas”. O primeiro tipo é o “cafa” declarado. Ele gosta de ser “cafa” e assume, mesmo para as garotas com que costuma sair. Esse tipo não me atrai, mas admiro a honestidade dele. O segundo é o “lobo em pele de cordeiro”. Esse é o tipo mais perigoso, pois é muito difícil de ser identificado. São especialistas na arte de mentir e sabem muito bem como desempenhar o papel de “bom moço” no momento exato. Costumam enganar até as “quase-balzaquianas” mais experientes. Por último, o terceiro tipo é o “pseudo-cafa” ou “cafa de ocasião”. Esse é o tipo está “disponível no mercado” e se faz de “cafa” para ganhar IBOPE, pois a lenda diz que as mulheres não gostam dos “bonzinhos”. Meninos, isso é lenda: um bom homem (e bom), que sabe o seu valor, é irresistível.

Mas voltando a minha tipologia de “cafas”... Eu me arrisco a dizer que homens e mulheres podem passar pela fase “pseudo-cafa”. No fundo, pode ser cansativo ser um "pseudo-cafa" e o que a criatura quer mesmo é amar e ser amada. Por vezes, a busca é longa, quase interminável. Quando finalmente um “pseuda-cafa” encontra uma paixão correspondida, volta a jogar no time dos bons namorados. Caso a fase não passe, aí não tem jeito, se trata de um “cafa” do tipo 1 ou 2. Eu fiquei curiosa sobre os tipos de “cafas” das moças no café, mas elas não eram minhas amigas, enfim... pelo menos foi um bom estímulo a minha criatividade. E você? Que tipo de “cafa” é você?

PS: As hipóteses da minha pesquisa e o detalhamento do método não saem, mas para reflexões aleatórias sobre a vida alheia, a minha mente funciona muito bem. Que meu orientador não descubra meu blog! risos ;-)

sábado, 8 de maio de 2010

Sentidos...

Foto: Fábio Reis

Na minha pele, no perfume que eu uso...
Nos meus pés, nos sapatos que eu calço...
No meu corpo, nas roupas que eu visto...
No meu paladar, nos sabores apreciados em outros territórios...
Na minha "eno-memória", na degustação dos vinhos que me tornaram uma enófila...
No meu olhar, na fotografia que registrou um sorriso iluminado pelo pôr-do-sol...
Na minha alma, na expectiva de novas viagens, novas paisagens, novos encontros...
Ai ai... Tão longe, tão perto.
Tudo tem o seu tempo. Tempo de partir, tempo de voltar.
O novo mundo me aguardava para o meu último ano de doutorado. Agora circulo pelos corredores que me são conhecidos há uma década. Nos meus passos, eu recordo as diferentes fases da minha vida durante esta década na Escola de Administração da UFRGS: universitária, bolsista, mestranda, mestre, professora, doutoranda.... Quantos papéis? Quantas mudanças? Uma longa história de crescimento profissional e pessoal. Contudo, meus passos se apressam. Eles desejam circular em outros corredores.
Sim... eu parti do velho mundo, mas o velho mundo não partiu de mim.

"A uma hora dessas
por onde estará seu pensamento
Terá os pés na pedra
ou vento no cabelo?
Onde longe Londres, Lisboa
ou na minha cama?"
(Adriana Calcanhoto)
http://www.youtube.com/watch?v=Hm_3PFfl1V4

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Prends ton temps!

(Big Ben - Londres / agosto, 2009)

Eu havia rodado 150 quilômetros de Marseille até Les Arcs para uma entrevista na "Maison du Vin". A hora da entrevista se aproximava e eu estava completamente perdida. Tão perto, tão distante. Depois de longos minutos de busca, eu cheguei... atrasada, mas feliz simplesmente por chegar. O diretor da organização me aguardava. Devido ao meu atraso, ele teria apenas 45 minutos para a entrevista. Me desculpei e "fui direto ao assunto", enquanto, apressadamente, eu procurava o gravador e o bloco de anotações na bolsa. Nesse momento, ele me interrompeu e disse educadamente: - Prends ton temps...
Eu parei, respirei, desacelerei, tomei meu tempo, achei os artefatos e então começamos a entrevista. Voltei para Marseille, mas eu não me esqueci daquela frase.

"Prends ton temps" é uma expressão francesa sem uma tradução adequada para o português. Literalmente seria "tomar o teu tempo". O sentido na cultura francesa seria como: "não precisa se apressar, tome o tempo que for  necessário". Os franceses estão certos nesse ponto. Muitas vezes, tudo o que precisamos é "tomar o tempo" para nos adaptarmos a uma nova cultura, para dominarmos um idioma, para organizarmos os pensamentos, para encaixarmos as teorias, para elaborarmos um modelo. Mesmo diante de um "deadline" apertado, tento me lembrar de respeitar o meu tempo para escrever um artigo, um capítulo, uma tese.

Então, nos dias de cansaço e questionamentos das minhas escolhas, eu respiro fundo, faço meu mundo parar por alguns minutos e tomo meu tempo! Tomo também um café, um chimarrão ou um vinho honesto com os amigos. Cada coisa a seu tempo, nem sempre no tempo esperado, mas no tempo que for necessário para acontecerem. Enfim, o cronograma avança, mas é preciso respeitar o tempo. Respiro, me alongo, dou um tempo e sigo o caminho. Alguns dias acelero o passo; em outros, eu quase paro... Nem sempre no mesmo ritmo, eu apenas prossigo!

<< Tempo, tempo, tempo, tempo... Entro em acordo contigo!>>
http://www.youtube.com/watch?v=PhSpjxxC31E

quinta-feira, 22 de abril de 2010

A flexibilidade dos girassóis...

Girassóis - Feira no Vieux Port de Marseille (abril/2010)

Nos últimos dias eu andei me sentindo meio "homeless". Nas idas e vindas entre o novo e o velho mundo, eu perdi um pouco a sensação de pertencimento a um lugar, a uma cidade, a uma casa. O fato é que depois que iniciei o doutorado, eu passei por algumas mudanças. Decidi morar perto da Universidade e me mudei para o centro de Porto Alegre. Fui para a França e depois de três anos morando sozinha, voltei para o meu antigo quarto na casa dos meus pais. A ideia não me pareceu atraente no começo. Confesso que fui um pouco relutante. Depois de morar sozinha por três anos, eu estava acostumada a ter o meu espaço e a morar pertinho de tudo. As coisas mudaram e eu preciso ser flexível como os girassóis em busca do sol.

Passados alguns dias no meu "velho novo lar", eu comecei a me adaptar. Uma mudança na decoração, uns ajustes tecnológicos, um espaço para as longas horas de trabalho, a escolha de uma academia e a readaptação aos 45 minutos no trânsito para chegar na Universidade. Mas morar em Alvorada, na região metropolitana de Porto Alegre, também tem suas vantagens. Por um lado, aqui eu não tenho todas as facilidades da capital, por outro, a academia e as locações de DVDs são quase a metade do preço! Além disso, tenho a companhia e o otimismo dos meus pais nos picos de stress durante a redação da tese.

A flexibilidade dos girassóis é fundamental para ser feliz num ano de incertezas. Eu ainda não sei o que eu farei no próximo ano, nem mesmo se estarei por aqui. Mas juro que cansei de pensar nos dilemas do meu futuro incerto. Decidi pensar apenas nos aspectos positivos de ter flexibilidade e no que preciso fazer hoje. A "listinha" de atividades está sempre pronta... Como um girassol, eu giro para sentir o calor do sol que aquece meu coração nos fins de tarde de um outono qualquer no novo mundo.

<< Deixo o sol bater na cara
Esqueço tudo que me faz mal
Deixo o sol bater no rosto
Que aí o desgosto se vai >> Girassóis - Cidadão Quem
http://www.youtube.com/watch?v=gqlpqSo0Cmg

sábado, 17 de abril de 2010

As viagens que eu não fiz...

Vista de Chateauneuf du Pape (França, maio de 2009)

São seis horas da manhã. A previsão era de um dia chuvoso e muito frio. A cama quentinha me pedia para ficar mais cinco minutos. Eu havia comprado as passagens com um mês antecedência, certa de belas fotos numa das regiões mais bonitas da Inglaterra. Seria impossível prever o tempo e o meu ânimo com tanta antecedência. Eu pensei uma, duas, três vezes. Aquela poderia ser a minha única oportunidade de conhecer o Lake District, entretanto aquele não era um bom dia para fazer um cruzeiro por um lago, não com uma previsão de -1ºC. Certamente, o vento frio seria como navalhas no meu corpo não habituado a temperaturas tão baixas. Cinco minutos se passaram, contabilizei o preço das passagens no trade-off entre ir ou ficar e eu decidi abortar a viagem. Virei para o lado e adormeci profundamente por mais duas horas, contente com a minha decisão. Nos últimos meses, eu fiz algumas viagens pelo velho mundo, muitas também foram as viagens que eu não fiz.


E olhando para trás, eu não tenho arrependimentos. Eu não fui para o norte da Itália com algumas amigas, nem para o Sul da Espanha, porque eu precisava iniciar a coleta dados e estaria muito preocupada com a minha tese. Eu não fui para Praga e Budapest no verão de 2009 por falta de orçamento, por outro lado eu me encantei pelo norte da Inglaterra. Mas independente dos resultados positivos ou negativos, uma decisão sempre tem um contexto, impossível de replicar. Uma decisão é sempre circunstancial. Uma vez tomada, aquela foi a melhor decisão para aquele momento. Afinal, segundo o filósofo grego Heráclito, um homem nunca mergulha duas vezes no mesmo rio.

Por isso, não costumo pensar sobre o porquê escolhi esse ou aquele caminho. Por vezes, a decisão pode ser aparentemente irracional, contudo, tudo se encaixa depois de algum tempo. Outras vezes, trata-se apenas do momento inapropriado, outras oportunidades surgirão e novas decisões serão necessárias.

Praga, Budapest, Veneza, Granada, Annecy, Lake District... Todos esses lugares aguardam o momento de serem descobertos por meus olhos curiosos. Ainda não desisti das viagens que não fiz, apenas sigo sem pressa no aguardo de novas oportunidades.
 
"Enquanto o tempo
Acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora
Vou na valsa
A vida é tão rara..."
(Lenini) >> http://www.youtube.com/watch?v=je-RTYbzoEk&feature=related

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Caminhos...

Foto: Fábio Reis

Cruzando a França de norte a sul, ainda penso na minha dolorosa partida de Paris. Embora triste, eu carrego comigo um bom punhado de boas lembranças. A troca é justa. Desde muito cedo, eu aprendi que não é possível se ter tudo e que o destino é sempre imprevisível. C´est la vie... Sim, eu sei que “a vida é assim”, mas por vezes eu não me conformo com a vida.

Então me lembro das palavras de Salomão, dito o homem mais sábio do mundo segundo a Bíblia. O dinheiro, o conhecimento, o prazer, “tudo é correr atrás do vento”, pois o destino final de todo ser humano é a morte. Logo, diante de uma vida tão efêmera, só o que me resta contemplar com atenção cada detalhe dos caminhos que percorro e viver.


O céu fica rosado. Anoitece no trem de alta velocidade que corta a França. A paisagem bucólica francesa me lembra outros caminhos que cruzei pelo velho mundo. A Toscana coberta de neve, a frota de bicicletas no interior da Bélgica e da Holanda, as florestas do sudoeste da Alemanha, as montanhas na fronteira entre a Suíça e a França, as margens do rio Douro em Porto, as minhas viagens para pesquisa de campo no Sul da França, o caminho de Santigo de Compostela pela Galícia, as ovelhinhas na estrada para a Escócia e as casinhas de tijolo à vista no norte da Inglaterra.


Cada um desses caminhos me remete a experiências diferentes. Quanta coisa aconteceu nos últimos meses... Quantos caminhos percorridos! Quantos caminhos eu ainda vou percorrer no velho e no novo mundo? Não sei. Ninguém sabe. Os caminhos se abrem diante de mim, faço minhas escolhas e sigo.


No fundo, como Salomão, eu também sei o fim do meu caminho... Nessa breve existência, pego belas trilhas inesperadas, me perco nos atalhos, paro e tiro algumas fotos, rio e choro, me emociono, respiro e penso nos objetivos de curto e longo prazo. Às vezes sozinha e às vezes acompanhada. Sigo por caminhos conhecidos ou completamente novos pelo simples prazer da descoberta!

sábado, 20 de março de 2010

Primavera...


York (Norte da Inglaterra)


Em 20 de março começa a PRIMAVERA no velho mundo. O começo da primavera me fez lembrar de um poeta gaúcho de um Porto Alegre distante, que recebe o OUTONO. Mas nos últimos tempos descobri que pouca importa o continente ou a estação, o que importa é ser feliz. E ser feliz não depende do clima nas ruas, mas de quão aquecido está o nosso coração. Na primavera ou no outono... sejamos felizes!! ;-)


Canção da Primavera - Mario Quintana
(Para Érico Veríssimo)

Primavera cruza o rio
Cruza o sonho que tu sonhas.
Na cidade adormecida
Primavera vem chegando.

Catavento enloqueceu,
Ficou girando, girando.
Em torno do catavento
Dancemos todos em bando.

Dancemos todos, dancemos,
Amadas, Mortos, Amigos,
Dancemos todos até
Não mais saber-se o motivo...

Até que as paineiras tenham
Por sobre os muros florido!