terça-feira, 23 de novembro de 2010

Agenda Lotada...

(Jardins do Alcazaba de Málaga)

A melhor forma de não se deixar abater é seguir a vida.... A apresentação da tese se aproxima e minha agenda começa a se encher de pequenos compromissos profissionais e familiares. Termina a minha fase de doutoranda e entra em campo a professora universitária. Logo após a defesa tenho aulas para preparar, trabalhos para corrigir, feedbacks aos alunos, viagens para algum lugar ermo do país para aplicar prova...

Essa estratégia de agenda lotada é excelente. Sem tempo para respirar, eu também não tenho tempo para pensar no final do doutorado, no retorno ao mundo real depois de anos na "terra do nunca" e nas incertezas que ainda vivo em relação a 2011. Por vezes, nada melhor que adotar a praticidade masculina. Não perder tempo remoendo pensamentos e decisões. Basta seguir a vida para que novas possibilidades surjam de maneira surpreendente. Prefiro pensar assim, ou melhor, não pensar.

Além dos compromissos profissionais, também começo a me sentir novamente um "ser social". Acho que o período de isolamento social durante 2010 foi a pior fase do meu doutorado. Teve um custo alto para as minhas emoções. Fiquei mais sensível e carente de manifestações de afeto, que não aconteciam (nem mesmo dos mais próximos). Parece que quando mais precisamos de amor, até quem mais amamos se nega a regar nossa alma de afeto. A solidão era desértica, mas passou.

Foram longos anos de estudos, mas ao final, me sinto uma profissional mais capacitada, mais madura, mais mulher. "E agora, José?" A defesa pública de tese se aproxima, o CV foi enviado para algumas universidades, me preparo para concursos... sigo a vida enquanto aguardo muita coisa boa em 2011!

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Descompasso...

Pórtico da Redenção (Porto Alegre, Brasil)

Alguns dias atrás encontrei meus colegas de mestrado. Três destinos muito diferentes e, atentamente, escutei a trajetória daqueles simpáticos balzaquinos, meus companheiros de formação durante dois anos.

O primeiro havia se tornando consultor e professor nas horas vagas. Os aparatos tecnológicos que carregava indicavam uma vida conectada ao mundo dos negócios. Ele já era noivo na época do mestrado, tão logo obteve alguma estabilidade financeira, rendeu-se ao matrimônio e parecia feliz. O segundo optou por uma experiência internacional. Aventurou-se no Canadá por um ano e meio. Trabalhou como engenheiro por lá, mas a namorada ficou por aqui. Havia arquitetado um plano para continuar a relação à distância. As coisas não saíram como o planejado. Depois de 18 meses, viu-se diante de um dilema e decidiu voltar para o Brasil. Optou pela relação. Talvez algum dia se arrependa de ter voltado para o Brasil. Talvez não. O tempo dirá. O terceiro colega havia se tornado servidor público federal. Apesar de um contra-cheque satisfatório no final do mês, dizia-se insatisfeito com as atividades desenvolvidas. Estava pensando em encontrar algo que lhe desse mais prazer, contudo, que oferecesse também estabilidade e um bom salário. Um pouco complicado nos dias de hoje, mas não era isso que estava lhe tirando o sono.

Fora as questões profissionais, o grande dilema do meu terceiro colega era o apartamento que a namorada queria comprar com ele, já que com a renda dos dois conseguiram um "financiamento melhor". Na verdade, depois de seis anos de namoro, a moça queria casar. Ele sempre foi muito sincero com ela: "casamento não está nos meus planos!" No começo, tudo são flores e ela tinha certeza que ele mudaria de ideia. Entretanto, o tempo passou e meu colega seguia defendendo com "unhas e dentes" a sua liberdade. Sentia-se sufocado na relação, e apesar do crescente afastamento entre os dois, também não tinha coragem para terminar. Levaria até o limite... até a moça tomar a iniciativa!

Nesse caso, era nítido o descompasso entre os dois. Meu colega gostava na namorada, sentia-se satisfeito com uma relação de namoro. Estava comprometido com ela, mas não queria morar junto, noivar, casar. Essas "coisas de mulher" que demanda tempo. Prender-se definitivamente, nem pensar!! Tudo o que ele queria era congelar a relação naquele estágio, enquanto ela sonhava com véu e grinalda, uma casa e um cachorro. Olhando de fora, era visível o sofrimento dos dois na relação. Meu conselho racional foi: ou você se casa ou você termina. Mas era complicado. Os dois caminhos seriam muito dolorosos para ele. Ninguém estava certo ou errado.... Em algum momento eles mudaram suas perspectivas da relação... Era apenas o descompasso de duas vidas!

Voltei para casa e no rádio tocava uma velha canção do nenhum de nós! Então eu cantei: "não vou mais lhe segurar, vou deixar que você se vá..."