quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Longe ou Perto?

(Rebocador Laurindo Pitta, Baía de Guanabara, Brasil)

Os relacionamentos à distância são ferozmente criticados por muitas pessoas. Eu mesma já fui uma grande crítica desse tipo de relação e, por ironia do destino, precisei moder a minha língua. Como diria um amigo meu: "o coração deseja, o que o coração deseja." Quando nos apaixonamos decidimos desafiar até as leis da física. Tudo o que queremos é que dois corpos ocupem o mesmo lugar no espaço ao mesmo tempo.

Entretanto, nesse final de semana eu vi uma comédia romântica americana, de final bem previsível, que me fez pensar sobre a intimidade nos relacionamentos, sejam eles presenciais ou à distância. Afinal, a intimidade é um dos elementos centrais e mais deliciosos de qualquer relação. É uma delícia aprender a decodificar o olhar do outro, seja de desapontamento ou de euforia, seja de prazer ou de frustração. Intimidade é diálogo. É o prazer de uma longa conversa sobre tudo ou sobre nada. Intimidade é também silêncio. É compreender nas entrelinhas as "terceiras intenções" por trás de uma inocente afirmação.

Alguns acreditam que a rotina é fundamental para a construção da intimidade de um casal. De um lado, eu concordo que a rotina é importante para a relação, contudo duas pessoas podem compartilhar a mesma cama por muitos anos e continuarem "quase estranhos". Por outro, mesmo há milhares de quilômetros, acredito ser possível construir intimidade e incluir o outro no cotidiano. Em ambos os casos, é impossível ter intimidade sem compartilhar confidências, dificuldades, dilemas, alegrias e tristezas. Graças aos avanços tecnológicos, são muitas as ferramentas para isso: uma mensagem inesperada no meio do dia, uma rápida ligação telefônica ou uma longa conversa via skype. Todas essas pequenas ações inclusivas reforçam a confiança e a intimidade do casal separado "apenas" pela distância, mas unido por uma parceria muito mais profunda. Então, mesmo diante de questionamentos e das dúvidas que venham pairar sobre a relação, basta um breve encontro para reacender a certeza e a esperança de um dia compartilharem o mesmo porto.


O meu amor me deixou / Levou minha identidade / Não sei mais bem onde estou / Nem onde a realidade / Ah, se eu fosse marinheiro / Era eu quem tinha partido / Mas meu coração ligeiro / Não se teria partido
(Maresia, Adriana Calcanhoto)

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

O prazer é gordo, a beleza é magra...

Pessoal,
Hoje eu li essa bela crônica de um colega da Universidade e gostaria de compartilhar com vocês!
A leitura vale a pena...
Abs,
Aurora

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O prazer é gordo, a beleza é magra

22 de agosto de 2012 

LUIS FELIPE NASCIMENTO*

Pergunte a amigos: "Se encontrasses o gênio da lâmpada, que pedidos farias?". Prazer (compras, comida, bebida, viagens, amor e sexo), beleza (corpo escultural e aparência de celebridade), sucesso (dinheiro, fama, poder, ser o melhor do mundo em algo) e boa vida (ócio, saúde, luxo e conforto)... isto seria a felicidade plena!
Eles não são exceções, este é o imaginário dos que, mesmo sem o gênio da lâmpada, sonham em ganhar na Mega Sena ou esperam que um grande lance dê certo para viabilizar seus desejos.
Mas juntos esses desejos são impossíveis, pois se contrapõem: o "prazer é gordo" e a "beleza é magra". As magras e os musculosos não comem gorduras e doces e talvez nem tomem uma cervejinha gelada no churrasco de final de semana. Não há milagre que torne magro, forte e saudável quem se entrega aos prazeres de comer e beber.
Celebridades são vistas em mansões e iates, mas poucos sabem que a cena pode haver acontecido em um dos seus raros momentos de lazer. O "sucesso é sofrido" e a "boa vida é preguiçosa", eles não combinam. Para se destacar em qualquer área, é preciso se dedicar muito. Quem já alcançou o sucesso e passa a desfrutar da "boa vida" entra na descendente, pois o esforço para manter o alto desempenho não permite relaxar.
Se não dá para ter, ao mesmo tempo, beleza, prazer, sucesso e boa vida, por que então tantos sofrem perseguindo esse sonho?
Imagine agora um novo paradigma, pelo qual a beleza não está nas medidas do busto, quadril ou na barriga tanquinho, mas no jeito de ser e valores, na alegria e energia transmitida, na amizade e solidariedade demonstrada. O prazer não está no consumo, mas nas boas ações, nos sorrisos e nas gentilezas. O sucesso não é acumular dinheiro e troféus, mas fazer o bem e tornar os outros felizes. A boa vida não é o ócio, mas sim trabalhar no que e com quem se gosta, com liberdade para desenvolver todo seu potencial. Ainda é necessário muito esforço para atingir esses objetivos, mas as motivações e as recompensas são outras. Muitos dirão que isto é uma ficção. Agora, pense no que é mais fácil de se tornar real: esta "ficção" ou o gênio da lâmpada?
O novo paradigma é um sonho de quem não quer mais o mundo como ele está, quer transformá-lo; que não espera pelo gênio da lâmpada ou pela Mega Sena e, por pouco que seja, faz a sua parte e estimula outros a construí-lo!
*Coordenador do Grupo de Pesquisa em Sustentabilidade e Inovação _ PPGA/EA/UFRGS

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Super sincero...

(Praia de Ipanema, Rio de Janeiro, julho de 2012)

Algumas pessoas vangloriam-se da sua sinceridade. Assumem um pacto de falar "a verdade, nada mais que a verdade, sempre a verdade", mesmo que isso gere alguns desapontamentos pelo caminho. Tornam-se super sinceros. Na dúvida, preferem o silêncio à possibilidade de uma falsa esperança. Não terão receio de dizer em cinco minutos o que outros levariam horas.
Se acha engordou uns quilinhos... O super sincero vai dizer que você está acima do peso e que precisa emagrecer urgentemente!
Se ficou insegura com o corte de cabelo... Prepare-se para ouvir que realmente não ficou bom e que tem que trocar de cabelereiro!
Se está començando um namoro... Ele irá elencar todas as possíveis causas para não dar certo e talvez te faça desistir de começar!
Já nas relações afetivas o super sincero normalmente prefere assumir uma posição de neutralidade e declara que vive um dia de cada vez. Sem promessas, sem expectativas, sem ilusões. Essa sinceridade torna-se também uma proteção. Afinal, justifica-se: "Eu nunca lhe prometi nada. Nem fiz juras de amor eterno. Você que quis acreditar em algo que nunca falei". Nessa situação, a responsabilidade é de quem acreditou que havia amor além do silêncio, quando na verdade era precaução para não iludir a outra parte. Não se trata de timidez ou insegurança, se ele não diz que ama é porque prefere ser sincero e manter a consciência tranquila! Talvez um dia ele te dê flores e declare seu amor... talvez não. Por isso, se você se relaciona com um super sincero, haja com a mesma cautela e mantenha os pés firmes.

Esclareço que não critico essa atitude, embora ela me dóa algumas vezes. Eu prefiro me relacionar com um super sincero do que um mentiroso. Sei que um super sincero não vai me prometer algo apenas para me fazer sentir melhor ou para receber algo em troca. Também considero a opinião dos meus amigos super sinceros muito valiosa quando preciso colocar os pés no chão. O problema é que, às vezes, eu só quero acreditar no improvável.

Você não pode me odiar
Só porque eu falei a verdade
Pior seria te iludir o tempo todo
Não vejo vantagem

Você precisa entender meu jeito de te querer
Pode até não ser como você imaginou
Mas eu te quero, eu te venero
Eu te adoro, só não vou te enganar

Porque eu sou sincero
Baby eu sou sincero

http://www.youtube.com/watch?v=5nbYyTQnFg0&feature=related