sábado, 23 de abril de 2011

Apelidos...

Eu gosto muito do meu nome. Afinal, Aurora tem um lindo significado e ao lado do meu sobrenome adquire uma sonoridade interessante: Aurora Zen. Talvez seja por isso que eu não tive muitos apelidos ao longo da minha vida.
Entretanto, eu gosto de apelidos. Eles simplificam os nomes e aproximam as pessoas. Nas relações interpessoais, os apelidos servem para indicar carinho e intimidade. Alguns apelidos surgem sem explicação e nos acompanham ao longo da vida. Outros vão se modificando e adquirem novos significados oriundos de novas histórias. Há também aqueles que simplesmente desaparecem com o tempo. Em algumas situações, a relação muda e os apelidos são esquecidos. Em alguns casos, essa mudança passa desapercebido. Em outros, principalmente nos namoros, a inexistência de "apelidos carinhosos" pode ser tornar motivo de preocupação.
Alguns dias atrás eu encontrei uma amiga de longa data. Começamos a conversar e ela comentou que estava preocupada com a sua relação. Nos últimos tempos o namorado estava "diferente" com ela. Questionei o que havia acontecido, esperado algum fato escabroso.Com os olhos nublados, ela me disse:
- Ele não usa mais os apelidos que me deu! Agora, só me chama pelo nome.
Eu quase comecei a rir, mas fiquei penalizada com a inocente preocupação da minha amiga. Talvez tenha sido insensível da minha parte, como falei no início, nunca tive muitos apelidos. Também não gosto de apelidos genéricos e impessoais - amor, docinho, benzinho. Eu gosto de um apelido "só meu" - carinhoso, curtinho e fácil de se pronunciar - ou prefiro "meu nome", dito com jeitinho ao pé do ouvido. Então, com todos esses pensamentos vagos na cabeça, eu tentei consolá-la:
- Calma amiga, pelo menos ele lhe chama pelo seu próprio nome, pior seria se ele trocasse o seu nome.

Oh! Que saudades que tenho
Da aurora da minha vida
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais.
(Casimiro de Abreu)

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Exigente...

(Epernay, França, 2010)
Foto: Fabio Reis.

A expectativa de cada um sempre tem como referência as experiências anteriores. Por isso, com o passar do tempo, corremos o risco de nos tornamos cada vez mais exigentes. Eu mesma passei por esse processo.

Como era de se esperar, meu envolvimento com o mundo do vinho me tornou mais exigente nesse campo. Prefiro tomar um bom vinho, ainda que ocasionalmente, do que me contentar a um vinho barato e de baixa qualidade. O prazer da degustação de um vinho de boa qualidade supera (e muito) a minha vontade de beber com maior frequência. Sou cautelosa nas minhas degustações e costumo ser implacável com os vinhos agressivos ao meu paladar.

Nas compras eu já não aceito as opções "mais ou menos". A calça jeans que não veste tão bem, mas está em liquidação. O sapato em promoção e descartável. Avalio a relação custo-benefício, mas, em primeiro lugar, preciso me sentir bem (leia-se: atraente). Por isso, sempre eu experimento. Uma vez que o produto realmente me empolgue, aí eu farei a avaliação do orçamento para a aquisição ou não.

Também percebo que minhas experiências me tornaram mais exigente nas relações afetivas. É preciso atração física e sintonia de sentimentos. Não me submeto a discussões e cobranças desnecessárias. Acredito que na base de uma relação estão respeito, incentivo e admiração mútua. Posso estar equivocada, mas não me contento com menos do que uma química explosiva.

Estou consciente de que um mundo perfeito é ilusório, simplesmente não existe. Contudo, isso não significa que eu deva me contentar com uma vida medíocre. Eu quero mais, acho que sempre fui assim. Eu quero um vinho estruturado e redondo, uma roupa na qual me sinta linda e alguém que me tire o fôlego. Pensando bem... não sou exigente, quero apenas o que eu mereço! ;-)

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Alvará de soltura?!

(Alguma fonte em Roma)

Acho que toda mulher tem um grupo de amigas que lhe é especialmente caro. Eu tenho as minhas. A rotina, os projetos pessoais, o destino profissional e, por vezes, o estado civil nos afastam, mas sempre que possível conseguimos um espaço na agenda para um reencontro. Nesse grupo de amigas, eu acredito que aprendemos a respeitar o momento de vida de cada uma. O sentimento está maduro. A relação não tem espaço para cobranças ou ressentimentos. Quando conseguimos um momento juntas, não desperdiçamos pensando no afastamento, mas na alegria de estarmos novamente reunidas.

Contudo, nessa crônica quero falar sobre os afastamentos decorrentes de namoros e casamentos. Como uma mulher quase-balzaquiana e solteira me acostumei ser interpretada como uma "má influência" para as amigas comprometidas, sobretudo pelos maridos e namorados inseguros. Para algumas dessas, o happy hour passar a ser denominado de "um cafezinho com a Aurora no final da tarde". Uma baladinha light? Nem pensar! O alvará de soltura vence cedo, normalmente por volta das 22 horas. Em casos extremos, elas abrem mão da amizade temporariamente. Em outros, omitem o reencontro "por acaso" na Cidade Baixa às 19 horas. 

De fato, as longas conversas podem ser ameaçadoras quando a relação não vai bem. Nos encontros femininos se trata de um pouco de tudo - recordações e novas histórias, cinema, moda, viagens e relacionamentos. Algumas amigas me acusam de ter me tornado muito exigente e eu concordo. Também confesso que "prefiro ser essa metamorfose ambulante". Ainda tenho muito a aprender e sigo me permitindo viver. Mas eu insisto: não dá para beijar qualquer sapo, nem manter uma relação só pelo medo da solidão. Depois de boas risadas e reflexões filosóficas, volto pra casa satisfeita... Algumas amigas se descobrem insatisfeitas. Dias depois, o facebook me avisa a alteração do status!

Satisfeito (Marisa Monte)
Você me deixou satisfeito
Nunca vi deixar alguém assim
Você me livrou do preconceito de partir
Agora me sinto feliz aqui
Quem foi que disse que é impossível ser feliz sozinho?
Vivo tranqüilo, a liberdade é quem me faz carinho
No meu caminho não tem pedras, nem espinhos
Eu durmo sereno e acordo com o canto dos passarinhos