domingo, 16 de dezembro de 2012

Sumiu?


Semana passada encontrei uma amiga muito desapontada com um típico comportamento masculino: o sumiço. Ela começou a relatar detalhadamente a sua história.

Era verão, mas podia ser em qualquer estação do ano. Eles se encontraram ao acaso num bar qualquer. Foi um evento pouco provável. Um rápido contato, um sorriso e uma porta aberta. A sintonia era inegável, apesar da distância, do passar dos dias e dos tantos desencontros da vida. Nesses encontros esporádicos, ela começou a cultivar a esperança de que poderia dar certo.

Depois do último encontro parecia que tudo iria se encaixar. Havia um esboço de planos e uma agenda em comum! Foi então que, sem aviso prévio ou mudança de comportamento, ele desapareceu. Não deu motivos. Não disse adeus. Não deixou um bilhetinho azul. Apenas sumiu do mapa.

Nelson Rodrigues diria que ele foi comprar cigarros e nunca mais voltou. O dramaturgo conhecia bem a natureza masculina. Sumir é mais fácil do que encarar a verdade. Ele preferiu o silêncio, sem saber que o silêncio é a mais dura das respostas. Significa a indiferença de quem nada sente. A forma mais covarde de terminar uma quase-relação sem se posicionar.

Ele não respondia as mensagens e não atendia as ligações. Após duas ou três tentativas, ela entendeu o recado. Ainda assim, a moça ficou sem entender. Sentia-se ingenuamente enganada. Em vão, ela procurava um motivo, uma explicação, uma resposta para tal comportamento. Medo? Insegurança? Muitos compromissos? Nada disso, ele simplesmente não estava mais interessado e desapareceu.

Minha amiga, como tantas outras mulheres, merecia simplesmente a hombridade de um adeus para colocar um ponto final. Lamentável... Consolei a minha amiga, pois sabia que esse comportamento é comum no universo das frágeis relações contemporâneas. Em tempos de relacionamentos líquidos, o respeito ao próximo também se evaporou.

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